O chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou, nesta quarta-feira (28), o novo sistema de distribuição de ajuda humanitária estabelecido por Israel na Faixa de Gaza. Para Lazzarini, o modelo funciona como uma “distração” indigna, após a situação caótica vivida em um centro de mantimentos, onde soldados israelenses deixaram 47 pessoas feridas.
Ainda segundo o chefe da agência, a distribuição de suprimentos proposta pelo governo de Benjamin Netanyahu não condiz com o princípio humanitário fundamental. Ainda de acordo com Lazzarini, as pessoas altamente desesperadas serão privadas de um auxílio desesperadamente necessário.
Enfrentando uma forte pressão internacional, Israel flexibilizou, na semana passada, o bloqueio de mantimentos imposto sobre Gaza desde o dia 2 de março. No entanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que pelo menos 600 caminhões com ajuda humanitária são necessários para atender as necessidades da população, levando em consideração que apenas 100 veículos receberam permissão para acessar o território palestino no último final de semana.
Ainda hoje, durante a reunião do Conselho de Segurança, Riyad H. Mansour, diplomata palestino-americano e embaixador da Palestina na ONU, se emocionou ao fazer um apelo pedindo ação para impedir um “genocídio” contra as crianças que estão na Faixa de Gaza.
Ele fez denúncias similares as de Philippe Lazzarini, dizendo que os palestinos estão “privados de água, comida e remédios há muito tempo e a vida está por um fio”, e culpou Israel de criar uma falsa ilusão de permitir a entrada de ajuda. Mansour questionou até quando isso continuará acontecendo com os palestinos, especialmente com as crianças, e destacou o sofrimento dos mais jovens: “Aqueles com menos de 5 anos não buscam a vida. Eles buscam a morte porque não conseguem suportar a dor de perder tantos entes queridos de suas famílias e irmãos.”, afirmou.
Entenda o caso
Nesta semana, o governo de Israel assumiu a distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Porém, o primeiro dia do novo modelo foi marcado por moradores do enclave se aglomerando de forma desesperada em busca de mantimentos e o exército de Israel abrindo fogo contra a população com balas de verdade.
Um levantamento oficial da ONU informou que 47 civis ficaram feridos, a maioria atingida pelos disparos. O órgão já havia alertado anteriormente que o plano de Israel em assumir a distribuição não seria eficaz, já que agências humanitárias que trabalham na região, e conhecem o sistema de entregas local, seriam deixadas de lado.
Por outro lado, o governo de Benjamin Netanyahu afirma estar à frente da circulação de ajuda humanitária como forma de evitar que o Hamas tenha acesso aos suprimentos. Entretanto, o controle de entrada de caminhões com mantimentos na Faixa de Gaza resultou no aumento de críticas da comunidade internacional.