Seis meses após o assassinato do empresário Vinicius Gritzbach no aeroporto de Guarulhos, a Polícia Civil abriu uma nova linha de investigação para apurar o envolvimento de pelo menos 25 pessoas no crime. A lista inclui policiais militares e civis, além de um operador de criptomoedas que era ex-sócio da vítima.
Gritzbach foi executado com tiros de fuzil no dia 8 de novembro de 2024, ao desembarcar de uma viagem a Alagoas. Ele havia firmado acordo de delação premiada com o Ministério Público, no qual revelou detalhes sobre lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além de citar policiais envolvidos em esquemas de corrupção.
A nova investigação, conduzida pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), ocorre em paralelo ao inquérito já concluído que apontou seis envolvidos diretos na execução, entre eles, três PMs que participaram do ataque e dois traficantes identificados como mandantes. O terceiro inquérito, agora em curso, tenta esclarecer se a emboscada teve ajuda de outros núcleos.
Entre os alvos estão 15 PMs que faziam segurança privada para Gritzbach e já foram presos. Eles são acusados de vazar informações sigilosas a criminosos e de afrouxar a própria escolta no dia da execução. Nove policiais civis também são investigados, suspeitos de extorquir cerca de R$ 40 milhões do empresário. Oito estão detidos; um responde em liberdade.
O operador de criptomoedas Pablo Henrique Borges, ex-sócio de Gritzbach, também entrou na mira. Segundo a polícia, ele devia R$ 4,4 milhões ao empresário e teria quitado parte da dívida com joias entregues por um intermediário em Alagoas. As peças estavam na bagagem de Gritzbach quando ele foi morto. Pablo está em liberdade e, até o momento, não há pedido de prisão contra ele.
De acordo com o MP, a motivação do crime inclui prejuízos causados por Gritzbach aos chefes das facções, desconfiança de que ele mandou matar dois membros do PCC e o próprio acordo de delação, que expôs esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo imóveis de luxo e criptomoedas.
Os traficantes Emilio Carlos Gongorra Castilho, o “Cigarreira”, e Diego dos Santos Amaral, o “Didi”, são apontados como mandantes. Ambos estão foragidos, assim como Kauê do Amaral Coelho, o “Jubi”, suspeito de atuar como olheiro no aeroporto no dia do crime. Os três PMs que participaram diretamente da execução estão presos preventivamente.
“O caso ainda não está totalmente esclarecido”, disse o promotor Rodrigo Merli, em coletiva recente. Para ele, os novos indícios mostram que o assassinato foi planejado por diferentes frentes e pode ter contado com mais mandantes e cúmplices do que os já denunciados.
Laura Basílio sob supervisão de Denise Bonfim.