Batimento irregular em crianças: quando é normal e quando se preocupar

Consultas de rotina, avaliação especializada e hábitos saudáveis ajudam a identificar cedo alterações do ritmo do coração e garantem um crescimento mais seguro

O termo arritmia costuma causar preocupação imediata, especialmente quando envolve crianças. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, alterações do ritmo cardíaco são relativamente comuns na infância e, na maioria das vezes, não representam risco grave. Elas podem surgir em diversas fases do crescimento, inclusive durante a vida intrauterina, e muitas desaparecem espontaneamente com o desenvolvimento. Ainda assim, algumas arritmias exigem acompanhamento médico e não devem ser ignoradas.

Por que as arritmias são tão frequentes em crianças

O coração das crianças está em constante amadurecimento. O sistema elétrico que comanda os batimentos é mais sensível a estímulos externos, como febre, ansiedade, desidratação, esforço físico intenso ou até alterações no sono. Isso faz com que algumas oscilações de ritmo sejam consideradas fisiológicas.

Entre os exemplos mais comuns estão:

  • Arritmia sinusal (respiratória): benigna e frequente;
  • Batimentos atriais e ventriculares isolados;
  • Taquicardias transitórias associadas a situações de descarga adrenérgica (fortes emoções e estresse, por exemplo) ou febre durante infecções (taquicardia compensatória).

Esse comportamento do coração costuma ser benigno e é identificado com facilidade nas consultas de rotina. Por isso, é importante o acompanhamento regular desde cedo. A prevenção é sempre o melhor caminho.

Quando a arritmia exige maior investigação

Embora a maioria dos casos não represente risco, algumas alterações merecem atenção especial. Sinais que podem indicar necessidade de avaliação cardiológica incluem:

  • palpitações frequentes mesmo em repouso;
  • cansaço ou dor no peito durante esforço físico, que chegam a modificar hábitos de vida;
  • tonturas ou desmaios;
  • dificuldade para ganhar peso;
  • respiração acelerada sem causa aparente.

Em situações específicas, a avaliação pode envolver exames complementares, como eletrocardiograma, Holter (monitorização cardíaca, em média, por 24 horas), teste ergométrico ou ecocardiograma transtorácico. Esses exames ajudam a diferenciar arritmias benignas de condições que exigem investigação mais aprofundada, com acompanhamento regular para definir diagnóstico e conduta terapêutica.

O papel dos hábitos saudáveis e das consultas de rotina

A infância é o momento ideal para consolidar comportamentos que protegem o coração ao longo da vida. Hábitos simples fazem diferença significativa:

  • Alimentação equilibrada
  • Prática regular de atividade física
  • Sono regular
  • Reduzir a sobrecarga de telas e estimular atividades novas e socialização
  • Hidratação adequada, especialmente em ambientes quentes

As consultas pediátricas periódicas também desempenham papel fundamental. É nelas que alterações sutis podem ser percebidas a tempo de evitar sua progressão. Para crianças com histórico familiar de doenças cardíacas, o acompanhamento deve ser ainda mais cuidadoso e rigoroso.

Arritmias na infância não são, por si só, sinal de perigo. O mais importante é reconhecer que, quando acompanhadas por um especialista e dentro de um contexto de rotina saudável, a maioria evolui de forma controlada. A busca ativa por informação faz parte de uma vida saudável. Manter-se vigilante e praticar de forma efetiva a prevenção garante o desenvolvimento de um coração mais saudável, comprovado por fortes evidências científicas. Previna-se e lute, de forma saudável, por um coração seguro em todas as fases da vida.

Dra. Manuela Gomes de Aguiar – CRM-SP 211.590 RQE 6275

Cardiologista

Especialista em Ritmologia e Marca-passo

Membro da Brazil Health

Compartilhe com seus amigos!