O presidente do Corinthians, Augusto Melo, afirmou nesta sexta-feira (23) que não pretende renunciar o cargo, apesar de ter sido indiciado por furto qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso envolvendo o patrocínio da Vai de Bet.
“Não passa pela minha cabeça, em hipótese nenhuma, renunciar. Mesmo porque eu não deva nada”, disse Augusto durante uma coletiva de imprensa no CT Joaquim Grava. “Eu, mais do que ninguém, quero essa investigação. Me coloco à disposição em tudo, mostro documentos.”
O indiciamento foi divulgado pela Polícia Civil na quinta-feira (22), poucos dias antes da votação que pode decidir pelo impeachment do dirigente. O julgamento está marcado para a próxima segunda-feira (26), no Conselho Deliberativo do clube.
“Sobre parecer da forma que foi anunciado e dizer que eu estou muito tranquilo, que eu sou inocente, redignado com essa situação, mesmo porque a gente vem provando isso com pouco tempo, e muito tranquilo, muito tranquilo, eu procuro ir para explicar os meios técnicos, mostrar que a minha vida, minha trajetória é de caráter, é de mobilidade, é de estudar, que quem me conhece sabe, é uma vida de qualidade dentro do nosso grupo, todos sabem que me conhece, nunca tive movimento, nunca tive problema com ninguém. Tem para mim a surpresa, a necessidade de ser, a indignação, e essa coletiva pra gente explicar qualquer dúvida que vocês possam ter, como uma proceder daquilo, a gente está muito obrigado. Obrigado”, explicou.
Durante a coletiva, o dirigente demonstrou indignação com a situação e se disse tranquilo quanto à possibilidade de provar sua inocência. “Eu vou renunciar por uma coisa que eu não fiz? Renunciar por uma coisa que não é verdade? Nós vamos provar, eu estou muito tranquilo quanto a isso. Sou a mesma pessoa de sempre.”
Ricardo Cury, advogado do dirigente, criticou o momento em que o relatório da polícia foi divulgado. “Nos indignou. Não tem elementos para indiciar o presidente Augusto. E por que indiciou na antevéspera do julgamento do impeachment? Sabendo que essa data estava marcada?”, questionou Cury.
O inquérito aponta que a empresa Rede Social Media Design Ltda, pertencente a Alex Cassundé, recebeu R$ 25 milhões em comissões no contrato entre Corinthians e Vai de Bet, avaliado em R$ 360 milhões. No entanto, segundo a polícia, a aproximação entre o clube e a patrocinadora foi feita por outros nomes, e não por Cassundé.
Parte do dinheiro teria sido repassada a contas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de acordo com delação de Vinícius Gritzbach, morto em novembro de 2024. Além de Augusto, também foram indiciados Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do clube; Sérgio Moura, ex-diretor de marketing; e o próprio Cassundé.
O presidente também lamentou o afastamento da principal torcida organizada do clube. “Fico triste porque a Gaviões, assim como todos os torcedores, estão lendo e ouvindo o que vocês falam. Mas vocês não estão procurando saber a verdade. Estão me julgando sem sequer ter prova, sem sequer ter terminado o inquérito.”
Laura Basílio sob supervisão de Denise Bonfim.