A vitória do filme “Ainda Estou Aqui” na categoria Melhor Filme Internacional no Oscar de 2025 colocou o cinema brasileiro em destaque após anos afastado dos holofotes. Além do prêmio, a obra dirigida por Walter Salles também chamou atenção ao ser indicada para a premiação de Melhor Filme e com Fernanda Torres, que brilhou na cerimônia como uma das candidatas à estatueta de melhor atriz.
Aproveitando o embalo do longa-metragem, o Aqui Tem Vaga recebeu Vitor Cardoso, diretor artístico e roteirista, e o cineasta Gregorio Graziosi. Os profissionais compartilharam detalhes sobre suas carreiras, além de dicas sobre o processo de inserção no mercado do cinema e a imagem brasileira em eventos internacionais.
Formado em Cinema pela FAAP e Artes Plásticas pela Escola Panamericana, Gregório afirmou ter enfrentado dúvidas sobre como se inserir no meio cinematográfico. Ele também comentou sobre o processo de criação de seu primeiro curta, que registrava a vida de um casal de centenários. A boa recepção do conteúdo permitiu que a produção fosse exibida no Festival de Cannes, na França.
Além disso, Graziosi chama a atenção para uma geração talentosa de cineastas brasileiros, e pontuou que cada profissional deve saber reconhecer o talento de seus colegas e contrapartes, buscando extrair o melhor daqueles envolvidos com o filme para narrar uma história, descrevendo isso como “um talento muito importante”.
“Se olhar os principais festivais do mundo, você percebe uma presença muito forte e muito diversa do cinema brasileiro. Esses filmes recebem mais repercussão e prêmios em festivais do que presença de mercado. (…) O lançamento deles ficou afastado das salas de cinema nos últimos anos. Espero que haja uma reaproximação com o sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’” – disse Graziosi.
Os profissionais falaram sobre o quanto Hollywood é “romanceada”. Durante seu tempo em Los Angeles, Cardoso — que vive em Los Angeles e é pós-graduado em roteiro pela Universidade da Califórnia, diz que trabalhar com cinema é algo “normal” na cidade, destacando que mais de 220 mil pessoas estão inseridas no mercado de cinema americano. Ele também reforça que a motivação deles não está baseada em fama, mas em fazer o trabalho de forma leve da melhor forma possível.
“Hollywood é romanceada (…) mas sinto que é mais prático. Lá, eu sinto que as coisas são mais práticas. Há uma leveza no sentido de fazer o seu trabalho. As pessoas estão focadas em fazer o que é preciso, e não na fama” – disse Vitor Cardoso. Ele dirigiu e produziu os curtas Apollo (Vencedor – Gramado Cine Vídeo); Maybe e Let the Sunshine In, filmados em Nova York, onde estudou Cinema na New York Film Academy.
Graziosi reforça a importância de projetos voltados para o descobrimento de cineastas, como o Projeto Paradiso, que visa impulsionar o crescimento profissional de jovens talentos do setor audiovisual.