O advogado Daniel Bialski renunciou à defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) nesta terça-feira (3), horas depois da parlamentar anunciar que está fora do Brasil e pretende se afastar do cargo. A decisão, segundo o advogado, foi tomada por “foro íntimo”.
Zambelli divulgou que deixou o país há alguns dias e que permanecerá na Europa, alegando razões médicas para a viagem. A parlamentar não informou sua localização exata, mas afirmou que buscará tratamento já iniciado anteriormente e que formalizará o pedido de licença do mandato.
O anúncio ocorre 20 dias após a deputada ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão pela articulação da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A sentença ainda prevê a perda do mandato parlamentar, que depende de deliberação da Câmara dos Deputados para ser efetivada.
Após a declaração de Zambelli sobre sua saída do país, a Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou com pedido de prisão preventiva, alegando risco de fuga. O documento foi protocolado fisicamente no STF na tarde desta terça-feira.
A condenação da deputada tem como base as investigações da Polícia Federal, que apontam que ela atuou como mentora da invasão ao sistema do CNJ. O hacker Walter Delgatti Neto, responsável pelo ataque, disse ter recebido orientações diretas e pagamentos de Zambelli. A ação resultou na emissão de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
A defesa anterior da parlamentar recorreu da decisão, alegando que não teve acesso completo a provas reunidas no processo. Um recurso pede a anulação da condenação, a suspensão da perda do mandato e a reversão da inelegibilidade de oito anos. Ainda não há decisão sobre o mérito do pedido.
Com o afastamento de Bialski, a estratégia jurídica da deputada deverá passar por nova reformulação, enquanto o STF avalia se sua permanência fora do Brasil configura descumprimento de ordem judicial ou tentativa de obstrução da Justiça.
Laura Basílio sob supervisão de Thiago San.
