No cenário contemporâneo de negócios, a inovação se tornou essencial para a sobrevivência e o crescimento das empresas. Com a tecnologia avançando rapidamente, as empresas de todos os setores buscam maneiras de se adaptar e, ao mesmo tempo, se destacar nesse ambiente dinâmico. Uma estratégia que tem ganhado destaque é o modelo de “Venture Builder”, organizações que atuam sistematicamente no desenvolvimento de outras empresas de base inovadora e tecnológica (startups) aportando seus próprios recursos. Essas empresas fornecem recursos, conhecimento e uma rede de contatos para acelerar o desenvolvimento das startups desde a sua concepção até a maturidade. Diferente de aceleradoras ou incubadoras, que apoiam startups já existentes, o Venture Builder é responsável por todas as etapas do ciclo de vida das empresas que cria.
No Brasil, um dos nomes de maior destaque nesse segmento é o FCJ Group, reconhecido como o maior grupo de Venture Builder da América Latina. Para entender melhor essa revolução no mundo dos negócios, conversamos com Paulo Justino, CEO da FCJ Group, durante o Dia da Inovação.
A Trajetória de Paulo Justino: De Programador ao CEO do Maior Grupo de Venture Builders da América Latina
Paulo Justino, conhecido como Justino no mercado de inovação, começou sua carreira na tecnologia há quase quatro décadas. “Eu tenho 38 anos e começo com a área de inovação de tecnologia. Eu costumo falar que sou um dinossauro. Comecei com o Cobol em 1985,” conta ele. Sua jornada é marcada por momentos de grandes desafios e aprendizados, que culminaram na criação da FCJ em 2013.
A trajetória de Justino é um exemplo claro de como a resiliência e a capacidade de se adaptar são essenciais no mundo dos negócios. Ele compartilha uma experiência marcante de sua carreira, onde vendeu um software chamado Power City, que era um ERP voltado para prefeituras, mas decidiu focar em prestação de serviços ao invés de produtos. “Foi o maior erro que eu fiz há 30 anos atrás,” admite. Esse erro, porém, foi crucial para o aprendizado que o levou a fundar a FCJ. “Esse é o meu aprendizado que me trouxe há 13 anos a criar a FCJ.”
A Criação da FCJ Group e o Modelo de Venture Builder
A FCJ foi criada com o objetivo de ser uma Venture Builder, um modelo de negócios que auxilia startups em seus processos de desenvolvimento, desde a ideação até a implementação no mercado. “Quando a gente pensou em uma FCJ em 2013, era para ter uma Venture Builder e prestar o que a gente faz hoje para as startups,” explica Justino.
No entanto, foi em 2018 que a ficha realmente caiu. Justino e sua equipe perceberam que o modelo que criaram poderia ser licenciado e replicado por outras empresas. Essa visão levou à criação do modelo de licenciamento de Venture Builders corporativas, que permite que grandes empresas criem suas próprias iniciativas de inovação.
Hoje, o FCJ Group possui um portfólio impressionante com 300 startups e mais de 50 Venture Builders espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.
Um dos principais objetivos da FCJ é reduzir a alta taxa de mortalidade das startups. De acordo com Justino, muitas startups enfrentam desafios enormes logo no início de suas operações, principalmente na fase de escalar o negócio
Além de ajudar as startups a sobreviverem, a FCJ também tem como missão levar a inovação de uma forma mais estruturada para dentro das empresas.. “Eu tenho visto muita empresa montando um departamento, contratando um prestador de serviço, para fazer inovação dentro da empresa. Isso não funciona,” afirma ele.
A Evolução do Modelo de Corporate Venture Builder
Uma das inovações trazidas pela FCJ é o conceito de Corporate Venture Builder (CVB), onde empresas criam suas próprias iniciativas de inovação em parceria com o FCJ Group. Justino explica que o modelo tradicional de inovação aberta, onde empresas buscam startups para resolver problemas específicos, não aproveita o potencial completo de crescimento dessas startups. “Quando você pensa em uma empresa e uma startup… A startup, quando fecha negócio com uma empresa, ela vale R$ 2 milhões, R$ 5 milhões. Daqui a oito meses, ela está valendo R$ 40 milhões, R$ 60 milhões. O que a empresa ganhou com isso? Nada.”
Para resolver essa dor, o modelo de CVB propõe uma parceria onde a FCJ entra como investidor e implementador, enquanto a empresa entra com suas dores e desafios. “A gente entra como investidor e implementador,” explica Justino. Essa abordagem permite que a empresa mantenha o controle estratégico, enquanto a FCJ fornece todo o suporte necessário, desde jurídico até marketing e governança. “A gente já tem isso, a gente oferece jurídico, marketing, governança, network, e a empresa entra com as dores.”
Inovação e Expansão Global
Outro aspecto interessante do trabalho da FCJ é a busca global por soluções inovadoras. A empresa não se limita ao mercado brasileiro e tem trazido startups de diversas partes do mundo para operar no Brasil. “A gente trouxe um lugar de Nova York, trouxemos dos Estados Unidos, da França, ali. Uma do Cazaquistão de mulheres, de Portugal, do Chile,” comenta Justino.
Para essas startups estrangeiras, a FCJ oferece um serviço completo de estruturação no Brasil, o que inclui desde a criação de uma CNPJ até a contratação de equipe local. “Eu monto o CNPJ, eu contrato a equipe, eu faço o vento para a startup abrir operação no Brasil.”
O Papel do Venture Builder na Aceleração de Startups
O modelo de Venture Builder proposto pela FCJ vai além do simples investimento financeiro. Justino destaca que muitas startups estão em busca não apenas de capital, mas de clientes, nome e mercado.
O modelo de Venture Builder permite que as startups se beneficiem do nome e da rede de contatos das grandes empresas, abrindo portas que de outra forma seriam difíceis de acessar. Justino compartilha um exemplo no setor agro, onde fazendas chegam a colocar placas na porteira dizendo “startup, não venha me ofertar o seu produto”. Ele explica que é muito diferente quando uma entidade respeitada faz a ponte entre a startup e o mercado.
Desafios e Oportunidades para o Futuro
Justino acredita que o mercado de startups está amadurecendo. Ele observa que a bolha que existiu nos últimos anos, onde startups captavam milhões com base em pouco mais do que um PowerPoint, já passou. “Hoje está em 5, 7, 3, 2. Então, acho que ficou real. O que eu percebo no Brasil é uma maturidade, um amadurecimento natural do ecossistema.”
Ele também vê uma grande oportunidade no campo da inteligência artificial, que está revolucionando diversos setores. No entanto, Justino alerta para os desafios sociais que essa tecnologia pode trazer, especialmente no que diz respeito à substituição de postos de trabalho. “Tem cinco milhões de brasileiros que estão dentro de um call center. Se a coisa evoluir, daqui a pouco você não precisa. Então, isso é um problema social.”
Com seu modelo de Venture Builder e Corporate Venture Builder, A FCJ Group não apenas apoia startups em seu crescimento, mas também ajuda grandes corporações a inovarem de forma mais eficaz e estruturada.
Em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo, modelos como o da FCJ são fundamentais como motor de crescimento e transformação em todas as indústrias.