Os dois cessar-fogo no Líbano e em Gaza estão ameaçados pela insistência de Israel em manter cinco posições no sul-libanês, e por não aceitar a existência do Hamas ao final da segunda-fase do acordo de troca de reféns por prisioneiros palestinos, que começa a ser negociado.
500 dias de guerra em Gaza, hoje, e o prazo para a retirada do Líbano vencendo amanhã, dia 18, Israel anunciou que manterá tropas em 5 pontos ao longo de 120 quilômetros da fronteira.
“Deixaremos pequenas quantidades de tropas, temporariamente, para que possamos defender nossos habitantes (do norte de Israel) e garantir que não haja ameaça imediata”, comunicou um porta-voz militar.
O líder do Hezbollah, Naim Qassem, protestou, sem ameaçar ataques contra Israel. Houve protestos também no Parlamento, em Beirute. O primeiro cessar-fogo dava o prazo de até 26 de janeiro para a retirada israelense do sul do Líbano. Uma extensão foi concedida, até amanhã. Os militares israelenses alegam que o exército libanês não chegou aos 5 pontos estratégicos para a proteção de cerca de 60 mil habitantes do Norte que se refugiaram no Sul, e agora começaram a voltar.
Os postos que Israel quer manter estão em uma colina perto de Labbouneh, diante da cidade de Shlomi; no pico Jabal Blat, em frente à Zarit; na colina diante de Avivim e Malkia; em frente a Margaliot; e na colina diante de Metula. Israel reforçou suas tropas ao longo da fronteira e em suas cidades e kibutzim fronteiriços. Na guerra no Líbano, desde outubro de 2023, foram mortos 46 civis e 80 soldados israelenses; 3.500 milicianos do Hezbollah, 100 de outros grupos e centenas de civis.
No front de Gaza
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que “não haverá Hamas nem Autoridade Palestina” quando Israel se retirar de Gaza. O problema: a segunda fase do acordo prevê o fim da guerra que hoje completou 500 dias, a retirada total das tropas israelenses e a troca dos reféns restantes, vivos e mortos, por prisioneiros palestinos.
Netanyahu disse que está “comprometido com o plano do presidente dos EUA de expulsar cerca de dois milhões de palestinos para reconstruir Gaza”, a que chamou de “plano revolucionário”. Uma fonte israelense explicou ao jornal Times de Israel que “o objetivo é permitir que a população de Gaza saía voluntariamente”.
Sob o ex-presidente Joe Biden, o plano incluía a Autoridade Palestina como provável administrador de Gaza, no pós-guerra. Seu presidente, Mahmud Abbas, que tinha rompido relações com os EUA, em 2017, depois que Trump, em seu primeiro mandato, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, fez alguns gestos para voltar à Gaza, de onde foi expulso pelo Hamas em 2007.
Pressionado pelo secretário de Estado Marco Rúbio e pelo enviado especial de Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff, o premiê Netanyahu permitiu que negociadores israelenses fossem para o Cairo nesta segunda-feira, em princípio para iniciar negociações da segunda-fase do acordo de Gaza. Mas não lhes deu autonomia para tratar de nada além de problemas da primeira fase do acordo, em vigor até o início de março, e que continuará, no próximo sábado, com a troca de mais reféns por prisioneiros palestinos.
Witkoff disse que as negociações para a segunda fase do acordo incluirão a libertação de “19 soldados israelenses, que acreditamos estejam vivos”. Ele também concluiu que o plano de Trump para Gaza, a Riviera do Oriente Médio, está dando resultado: “Agora, os egípcios dizem que tem um plano, os jordanianos também, e as pessoas estão realmente se engajando em discussões realmente importantes e convincentes”.
*Esse texto não reflete necessariamente a opinião da BandNews TV