O Natal está cancelado na cidade em que Jesus Cristo nasceu – Belém ou Bethlehem, em árabe a Casa da Carne; e em hebraico, a Casa do Pão, na Cisjordânia ocupada por Israel desde 1967. Os natais ortodoxos, em 6 de janeiro, e o dos armênios, em 19 de janeiro, também foram cancelados.
A Terra Santa está de luto pela morte de mais de 50 mil palestinos em Gaza, desde a invasão do Hamas que matou 1.200 pessoas em Israel, em 7 de outubro de 2023. Também não houve Natal em Bethlehem no ano passado.
O bebê Jesus Cristo está numa manjedoura no subterrâneo da Basílica de Natividade. Uma kefiah, o chale palestino, o cobria, sob protesto israelense. A cidade não está enfeitada, nem nunca precisou: ela parece um presépio.
Nessa véspera de Natal, os peregrinos lotavam a Praça da Manjedoura, onde havia um palanque para a TV transmitir para o mundo a Missa do Galo. Houve natais com mais de 35 mil visitantes, estimulando a economia local. A única árvore de Natal era de plástico. As lojas em volta vendiam crucifixos feitos de madeira de oliveira. Ou garrafinhas com água do rio Jordão. Os sinos e o canto do muezim nos minaretes das mesquitas às vezes soavam juntos.
O Natal começava quando o patriarca latino vinha em procissão da vizinha Jerusalém. A porta da Basílica, bizantina, com 1,25 metros de altura, impedia que infiéis a cruzassem a cavalo, em outros tempos. É a “Porta da Humildade”. O primeiro santuário da gruta em que Jesus nasceu da Virgem Maria foi levantado pelo imperador Constantino, no século IV. Destruído, o imperador Justiniano o reconstruiu dois séculos depois. A manjedoura está um lance de escadas abaixo do altar. Os peregrinos fazem fila para entrar na gruta, fracamente iluminada por velas no azeite, rescendendo a incenso. Já houve vários casos de fieis que se acharam o próprio Jesus Cristo ou a Virgem Maria e tiveram que ser internados alguns dias até superarem o surto.
Bathlehem é o maior centro cristão da Palestina, que tem 47 mil cristãos ao todo, pelo último censo, em 2017. O Natal deste ano na Terra Santa será de vigília e orações pela paz, de luto e reflexão. “Quem pode ter vontade de comemorar se estamos arrasados com as imagens que vemos todos os dias de crianças sendo retiradas dos escombros de Gaza? ” – disse à BBC o pastor Munther Isaac, da Igreja Evangélica Luterana da Natividade.
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Na eleição alemã, nenhum candidato vai falar mal do outro.
Os candidatos às eleições de 23 de fevereiro na Alemanha não podem fazer críticas pesadas um ao outro na campanha eleitoral: são todos parceiros de uma eventual coalizão, pois nenhum partido tem condições de conquistar sozinho a maioria dos eleitores.
Com a queda do governo de Olaf Scholz, por 394 votos a 207, e 116 abstenções, e a crise na França, a pouco mais de um mês da posse de Donald Trump nos EUA, a guerra na Ucrânia se intensificando, a Europa fica imobilizada “no pior momento possível”, diz Jana Puglierin, do Conselho Europeu de Relações Estrangeiras.
Um dos principais candidatos na Alemanha, pelas pesquisas, é Friedrich Merz, líder da União Democrática Cristã. Ele está prometendo mais ajuda militar à Kiev. E teve que ouvir uma reprimenda de Scholz: “Só posso dizer: tenha cuidado! Você não deve jogar roleta russa com a segurança da Alemanha. ” Outros candidatos são Christian Lindner, dos Democratas Livres, e Robert Habeck, ministro da Economia dos Verdes, de esquerda.
Nenhum partido quer parceria com a extrema direita Alternativa para a Alemanha, AfD, que alcançou 18% nas pesquisas, e está crescendo. O resultado poderá trazer de volta a grande coalizão de centro com democratas-cristãos e sociais-democratas, que governou a Alemanha por 12 dos últimos 20 anos.
A Alemanha está em recessão com previsão de queda do PIB por dois anos consecutivos. Para a líder da AfD, Alice Weidel, o fim da coalizão significa uma “libertação” para a Alemanha que poderá beneficiar seu próprio partido. E fortalecer o crescimento da extrema-direita na Europa.
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Ciclone devastador em Mayotte, arquipélago francês: ainda não há número de mortos, que podem ser centenas, segundo os jornais.
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Capas destaques de segunda-feira (16)
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Capa anual dedicada a cartuns e quebra-cabeças da ‘The New Yorker”
A artista canadense Kate Beaton criou a capa da semana da New Yorker, um assassinato misterioso, com um jogo de palavras. É a edição anual dedicada a cartuns e quebra-cabeças.
“Sempre gostei de cutucar as armadilhas do gênero em meus desenhos animados”, disse Beaton à editora de Arte Françoise Mouly. “Para uma questão de quebra-cabeça, quem melhor para apresentar do que um detetive de filme-noir de olho em algumas pistas? E é melhor tomar cuidado com aquela senhora obscura.”
Para jogar, os leitores do impresso retiram uma etiqueta removível; para os digitais, há este banco de palavras: