Na manhã desta quinta-feira (28), o dólar atingiu a marca dos R$ 6,0009, maior valor desde a implantação do Plano Real.
A explicação vem de Brasília. O anúncio do Governo Federal de que os salários de até R$ 5 mil serão isentos do Imposto de Renda pressionaram o mercado desde a tarde de ontem, quando as primeiras informações sobre o corte de gastos surgiram na imprensa.
Em entrevista à BandNewsTV, o economista Gesner Oliveira analisou as medidas e explicou a disparada da moeda norte-americana frente ao Real.
“Há uma série de medidas que fazem sentido para um país que precisa cortar gastos. Aí você me pergunta: por que o dólar está subindo? Por que há uma dúvida se as medidas vão ser aprovadas no Congresso. Não é trivial aprovar essas medidas no Congresso. O problema mais sério é que tem um pé no freio, as medidas, mas também tem um pé no acelerador, que é a medida do imposto de renda”, disse.
“Isso dá uma renúncia fiscal de no mínimo R$ 40 bilhões. Para um país que precisa ajustar as contas, não é um momento de fazer isso, sobretudo fazer conjuntamente. Você tá pisando no freio sem ter certeza que a contenção será obtida. E, ao mesmo tempo, pisando no acelerador. Isso gera incerteza se de fato o setor público vai conseguir conter seu déficit, e consequentemente, pressiona as principais variáveis, pressiona o dólar. Há pontos bastante positivos, é preciso reconhecer: tem muita coisa boa que o país precisa realmente, de muita disciplina”, completa.
O impacto estimado das mudanças na economia é de R$ 327 bilhões até 2030. Além da isenção, entre as principais medidas está o reajuste do salário mínimo, que será limitado a até 2,5% acima da inflação. Para os mais ricos, que recebem acima de R$ 50 mil por mês, será aplicada uma alíquota de 10% no IR.
Essas medidas representam um esforço do governo para conter o avanço da dívida pública e garantir a sustentabilidade fiscal. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as mudanças são essenciais para equilibrar as contas e criar um ambiente mais estável para a economia brasileira.