O inquérito da Polícia Federal sobre o plano de assassinato contra o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia da trama.
No documento, colocado público nesta terça-feira por Moraes, os investigadores apontam que “os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que Jair Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de estado”.
“As evidências colhidas, tais como os registros de entrada e saída de visitantes do Palácio do Alvorada, conteúdo de diálogos entre interlocutores de seu núcleo próximo, análise de ERBs, datas e locais de reuniões, indicam que JAIR BOLSONARO tinha pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo), bem como das ações clandestinas praticadas sob o codinome Copa 2022”, diz trecho do documento de 800 páginas.
Bolsonaro teria ainda proposto, segundo a conclusão da PF, uma intervenção para reverter o resultado das eleições aos três chefes das Forças Armadas — o plano só não teria ido adiante por que somente Almir Garnier, da Marinha, teria aceitado.
Braga Netto teria tido participação ativa no plano. A investigação encontrou um rascunho na mesa de um assessor do general e ex-candidato à vice-presidência que fazia uma interpretação equivocada do Artigo 142 da Constituição, de forma a tentar legitimar o golpe de estado. Nele, uma série de instruções “pós-golpe”, como o discurso em cadeia nacional de rádio e TV, preparação de tropas e interrupção da transição de governo, frisando que “Lula não sobe a rampa”.
A investigação também aponta que Bolsonaro saiu do país no fim de 2022 para evitar a prisão. Apenas um ponto da investigação foi mantido em sigilo por Moraes – a delação de Mauro Cid. A polícia ainda trabalha com as informações passadas pelo ex-ajudante de Ordens durante o depoimento.