Áudios de militares revelam articulação para golpe após a eleição de 2022

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes deve encaminhar, nesta terça-feira (26), para a Procuradoria-Geral da República o inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado e um plano para assassinar autoridades. Oito pessoas foram indiciadas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro. Novos áudios revelam conversas de militares que, conforme investigação da Polícia Federal, estavam articulando o golpe após a eleição de 2022.

Em uma das mensagens, um dos militares diz: “Kid preto, o presidente, ele tem que fazer uma reunião petit comitê. Esse pessoal acima da linha da ética não pode estar nessa reunião. Tem que ser petit comitê, pô. Tem que ser a rataria. Ele e a rataria. Com o comando do exército, mas petit comitê.” A conversa foi compartilhada em um grupo de militares que, segundo a PF, planejavam impedir a posse de Lula e Alckmin.

Em outro áudio, o general Mario Fernandes, então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, revela que conversou com o presidente Bolsonaro sobre o assunto. Ele contou: “Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, ‘pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades.’”

Advertisement

Na segunda-feira (25), Bolsonaro divulgou um vídeo gravado por apoiadores, ao lado do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, em que se defende das acusações: “Alguns falam que o meu defeito foi jogar limpo num país que tinha muita coisa escondida”, afirmou o ex-presidente.

De acordo com a Polícia Federal, o plano para matar autoridades foi impresso no Palácio do Planalto em 6 de dezembro de 2022 e levado para o Palácio da Alvorada, a residência oficial. O inquérito, no entanto, não esclarece os motivos pelos quais o plano, nomeado “punhal verde e amarelo”, não foi concluído.

A reunião que definiu a logística do golpe ocorreu, segundo a PF, no dia 12 de dezembro de 2022, na residência do general Braga Netto, ex-ministro e então candidato a vice de Bolsonaro.

Em outro áudio, o coronel Roberto Raimundo Criscuoli pressiona o general Mario Fernandes: “Vai esperar virar uma Venezuela para virar o jogo, cara? Democrata é o cacete, não tem que ser democrata mais agora. ‘Ah, não vou sair das quatro linhas’, acabou o jogo. Não tem mais quatro linhas.”

A investigação também recuperou áudios de militares que haviam sido apagados, incluindo de Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro. Em uma das gravações, Cid sugere uma data para o golpe: “Vou conversar com o presidente. O negócio é que ele tem essa personalidade às vezes, né? Ele espera, espera, espera, espera pra ver até onde vai, né? Ver os apoios que tem. Só que às vezes o tempo tá curto, né? Não dá pra esperar muito mais passar, né? Dia 12 seria. Teria que ser antes do dia 12, né?”

A Polícia Federal ainda não conseguiu identificar todos os militares envolvidos no grupo que discutia o golpe. Três deles, que cadastraram chips de celular em nomes fictícios, ainda não foram localizados.

Keep Up to Date with the Most Important News

By pressing the Subscribe button, you confirm that you have read and are agreeing to our Privacy Policy and Terms of Use
PATROCINADO