Moisés Rabinovici: A esquerda vence no Uruguai

A esquerda vence no Uruguai

O novo presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que considera seu partido Frente Ampla como “esquerda moderna”, venceu o opositor e conservador Álvaro Delgado por 49,81% dos votos a 45,90%, no domingo. O presidente Lula foi um dos primeiros a cumprimentá-lo.

Delgado reconheceu a derrota, afirmando que “a democracia prevaleceu”. É a maturidade política do nosso vizinho Uruguai. Yamandú prometeu um crescimento econômico, sem aumento de impostos; diálogo nacional, sem mudanças políticas bruscas e com estabilidade ante a inflação e desigualdade social.

Lula exaltou a integração regional, via Mercosul, com a vitória de Yamandú, e o convidou a trabalharem juntos pela paz e o desenvolvimento sustentável na América Latina. A expectativa é de que a esquerda uruguaia possa influenciar outros países da região, com maior colaboração em políticas sociais.

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Yamandú vai enfrentar as duas principais preocupações dos que o elegeram: o aumento do custo de vida e a segurança pública.

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Cessar-fogo no Líbano pode valer esta semana

O cessar-fogo no Líbano está aceito, em princípio, por Israel, Líbano e Hezbollah, impulsionado por uma chuva de 250 mísseis do lado libanês, no domingo, e ataques israelenses em Beirute e em várias cidades libanesas. Ele pode ser assinado nesta semana.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enviou à Beirute sua concordância “não final” ao acordo costurado pelo enviado especial da Casa Branca, Amos Hochstein. Aos combates que se tornaram mais violentos no domingo, ele acrescentou um ultimato: ou as partes aceitavam o cessar-fogo, ou o discutiriam depois com o novo governo de Donald Trump.

O acordo é dado como “de princípio” porque lhe faltam alguns detalhes. Basicamente, porém, ele determina a retirada do Hezbollah para o norte do rio Litani, a retirada de Israel do sul do Líbano, e a ocupação do vazio dos dois inimigos pelo exército libanês e forças de paz da ONU, a Unifil, sob comando italiano. Os EUA serão encarregados de monitorar o cessar-fogo. Concluída esta primeira fase, Israel e Líbano passarão a resolver pontos de conflito na fronteira entre os dois países.

O primeiro-ministro Netanyahu vai vender ao público o acordo de cessar-fogo como “benéfico para Israel”. Com ele, cerca de 60 mil israelenses deslocados há mais de um ano de suas cidades fronteiriças poderão voltar para casa.

O cessar-fogo pode ser assinado esta semana. Para fechá-lo, o ex-embaixador dos EUA em Israel, Dan Shapiro, é esperado nesta segunda-feira em Jerusalém. A intensidade dos combates nos últimos dias foi para forçar ambos os lados a concluir as negociações. O Hezbollah demonstrou que ainda tem capacidade de fogo enquanto Israel quis destruí-lo ao máximo antes que, cessada a guerra, possa de novo se rearmar e organizar. Durante os combates, 44 civis e 71 soldados israelenses foram mortos. Do lado libanês, foram 2,5 mil mortos e mais de 1 milhão deslocados de Beirute e do sul do Líbano.

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Vida e morte da Lava Jato no New York Times

A ascensão e a “silenciosa eliminação” da Lava Jato são contadas nesta segunda-feira pelo jornal New York Times: “O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil está rejeitando evidências importantes, anulando condenações importantes e suspendendo bilhões de dólares em multas em uma série histórica de casos de suborno, argumentando que investigadores, promotores e juízes tendenciosos violaram as leis em sua busca voraz por justiça.”

As decisões da justiça brasileira “estão se espalhando pela América Latina, levando à anulação de pelo menos 115 condenações no Brasil, de acordo com grupos anticorrupção”. Os casos revistos por influência do STF estão em 12 países, incluindo o Panamá, Equador, Peru e Argentina, onde vários ex-presidentes foram condenados.

“O tribunal anulou casos nos quais políticos e executivos de empresas de alto escalão se declararam culpados”, escreveram o correspondente Jack Nicas e Ana Ionova, com a colaboração do correspondente em Lima, no Peru. “Para alguns, a reversão é outro exemplo da impunidade que aqueles no poder desfrutam há muito tempo”.

O ministro do STF José Antônio Dias Toffoli disse ao NYT que suas decisões foram baseadas nas de seus colegas do STF de que investigadores, promotores e juízes conspiraram ilegalmente, invalidando as evidências coletadas. “Provas ilegais não podem ser usadas para condenar”, acrescentou. “Fizemos isso com grande tristeza. Porque o estado procedeu de forma errada”. O jornal lembra que Toffoli trabalhou no PT e foi conselheiro do presidente Lula, que o indicou em 2009 para o STF, além de ter sido ligado à investigação que agora está desmantelando.

A Lava Jato descobriu que algumas das maiores empresas do Brasil subornavam autoridades no poder no Brasil, na América Latina e na África – um esquema que envolveu pelo menos 3 bilhões de dólares

(cerca de 18 trilhões de reais). “Isso levou a centenas de condenações, incluindo a do Sr. Lula, então ex-presidente. Ele foi sentenciado a 12 anos de prisão em 2017 por aceitar reformas residenciais de construtoras em troca de favores. O Sr. Lula nega as acusações há muito tempo. ”

Ao NYT o senador Sergio Moro negou qualquer parcialidade ou ilegalidade, observando que suas decisões foram posteriormente apoiadas por outros juízes, inclusive do STF. “Minha consciência está limpa”, ele afirmou. As reversões das decisões da Lava Jato se aceleraram em 2023. O juiz Toffoli suspendeu uma multa de 2,5 bilhões de dólares (cerca de 15 trilhões de reais) da Odebrecht, que mudou seu nome para Novonor. Depois, uma multa de 3,2 bilhões de dólares (cerca de 18 trilhões de reais) contra a empresa controladora da JBS. O correspondente Jack Nicas ouviu acadêmicos jurídicos que concordaram que o STF tinha a responsabilidade de lidar com os erros da Lava Jato. “Mas eles também lamentam o fim da melhor tentativa da América Latina de combater a corrupção”.

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