Em um Brasil onde apenas 20% da população jovem de 18 a 24 anos está matriculada na educação superior e quase 10 milhões de jovens não concluíram o ensino básico, a educação não é apenas uma necessidade — é uma questão de urgência e esperança. Nesse cenário desafiador, surge o Grupo Ânima, um verdadeiro agente de transformação no setor educacional, com o propósito de transformar o Brasil pela educação.
Fundado há 20 anos com uma visão audaciosa, o Grupo Ânima se destaca como um dos ecossistemas educacionais mais inovadores do país, impactando aproximadamente 400 mil estudantes em 18 instituições de ensino superior e mais de 700 polos educacionais. Entre suas marcas renomadas estão HSM, HSM University, EBRADI (Escola Brasileira de Direito), Le Cordon Bleu (SP), SingularityU Brazil e Learning Village — o primeiro hub de inovação e educação da América Latina.
Marcelo Batistella Bueno, advogado, praticante de Aikido e adepto da meditação diária, é um dos protagonistas por trás dessa transformação. Sua liderança visionária e compromisso com a educação têm sido fundamentais para moldar o futuro da aprendizagem no Brasil, provando que a transformação é possível. O Programa Trilha da Inovação conversou com o empresário sobre tendências no ensino, inovação e o futuro da educação.
Em 2023, a Forbes classificou a Ânima entre as 10 empresas mais inovadoras do Brasil. Marcelo reflete sobre essa conquista com orgulho: “Foi uma aventura, mas de muito orgulho. Hoje, oferecemos educação para quase 400 mil brasileiros e brasileiras, transformando suas vidas e seus sonhos”.
Um começo arriscado
A história da Ânima teve início com uma operação arriscada. Marcelo e seus sócios, Daniel Faccini Castanho e Maurício Escobar, assumiram a Minas Gerais Educação Ltda., mantenedora do Centro Universitário Una, em Belo Horizonte. A escola, uma instituição tradicional de ensino superior, estava à beira do fechamento, mas os três acreditavam que podiam salvá-la e criar um impacto positivo na educação brasileira. Marcelo relembra: “A Una era para os mineiros o que a GV é para os paulistas. Trabalhamos dia e noite para salvá-la, e assim começamos a nossa história”.
Fundada oficialmente em 6 de maio de 2003, a Ânima foi responsável pelo primeiro M&A da educação superior no Brasil, em um momento em que o setor ainda não era visto como promissor. “Nos movia a ideia de salvar uma escola, e com uma equipe brilhante, fizemos o que foi necessário”, recorda Marcelo.
A virada de chave na educação
Marcelo acredita que a Ânima consolidou seu impacto na educação com a primeira reforma curricular entre 2006 e 2007, no momento em que o Brasil iniciava a transição para um modelo de ensino baseado em competências. “Com a globalização e a internet, o conteúdo passou a estar disponível em qualquer lugar. Então, passamos a perguntar: que competências devemos desenvolver?”, reflete ele.
Esse movimento impulsionou o desenvolvimento do E2A 1.0, o Ecossistema Ânima de Aprendizagem, que introduziu um currículo híbrido focado em competências. Durante a pandemia, esse modelo mostrou sua eficácia. “Já estávamos preparados e conseguimos colocar 145 mil estudantes em casa com segurança, oferecendo educação híbrida. Hoje, quase 400 mil alunos estudam com esse currículo inovador”, conta Marcelo.
A busca por propósito
Marcelo vem de uma família ligada ao mercado de capitais, onde trabalhou por muitos anos, mas decidiu mudar de carreira em busca de propósito. “Eu saí do mercado financeiro porque queria algo mais significativo. E encontrei isso na educação, ajudando a transformar o país”, revela.
Essa missão ainda guia a Ânima: “Quando salvamos a Una, percebemos que nosso papel era maior. Queríamos ser o melhor lugar para trabalhar, onde as segundas-feiras fossem mais empolgantes que as sextas”.
O futuro da educação
Marcelo aponta que a educação enfrenta desafios constantes devido às rápidas mudanças tecnológicas e sociais. Ele explica que a Ânima começou a preparar seus estudantes para um futuro incerto, focando em competências perenes, como trabalho em equipe e adaptabilidade. “Nós preparamos nossos alunos para qualquer cenário, desenvolvendo habilidades essenciais para a vida”, afirma.
Para ele, o futuro da educação integrará cada vez mais tecnologia e ensino. “A tecnologia melhora a relação ensino-aprendizagem, mas o professor continuará sendo o centro dessa experiência. A tecnologia está aqui para potencializar, não substituir”.
Além disso, Marcelo acredita que os currículos precisam ser flexíveis, permitindo que os alunos se reinventem ao longo de suas carreiras. “No tempo do meu pai, as pessoas escolhiam uma profissão para a vida inteira. Hoje, é preciso estar preparado para mudar”.
Marcelo também vê a inteligência artificial (IA) como uma ferramenta poderosa para personalizar o aprendizado, sem substituir os professores. “A IA permitirá que os alunos construam suas próprias jornadas de aprendizado. O modelo industrial de ensino, com grades curriculares fixas, está desaparecendo”, afirma ele.
O desafio da educação básica
Marcelo ressalta que muitos estudantes chegam ao ensino superior com dificuldades de formação, principalmente os vindos de escolas públicas. Para enfrentá-las, a Ânima adotou um modelo de nivelamento obrigatório em português, interpretação de texto e outras competências básicas. “Não podemos falar em inovação sem resolver essa questão básica”, conclui.
A transformação das habilidades humanas
Para Marcelo, as habilidades humanas estão mudando rapidamente, e isso impacta tanto a educação quanto o mercado de trabalho. “As pessoas mudam de profissão com frequência e precisam aprender continuamente. Ficar décadas em uma mesma empresa se tornou raro”, observa.
Com o avanço de tecnologias exponenciais, como IA, a adaptação se torna ainda mais complexa. “Nosso desafio é preparar nossos estudantes para esse novo mercado, onde a inteligência artificial terá um papel cada vez mais importante”, diz Marcelo.
Tecnologia e o novo modelo de educação
A Ânima, pioneira em metodologias inovadoras, implementou a educação híbrida, que combina ensino presencial e virtual. Marcelo lembra que a pandemia acelerou essa transição: “Estávamos preparados e, em poucos dias, colocamos todo o corpo discente em casa, com ensino remoto de alta qualidade”.
Ele acredita que o futuro da educação será cada vez mais personalizado, como uma “Netflix da educação”, onde os alunos escolhem seu próprio caminho de aprendizado, com flexibilidade total.
Marcelo reforça que a tecnologia não substitui o papel do professor, que continua sendo essencial no processo de ensino. “O professor é o centro de tudo. Ele não vai virar um robô. Ao contrário, será cada vez mais humano”, afirma.
Além disso, ele ressalta a importância da universidade como espaço de debate e construção de pensamento crítico em um mundo cada vez mais polarizado.
Marcelo acredita que os grandes campi tradicionais serão substituídos por espaços menores, focados em metodologias ativas e colaboração. “Os estudantes buscam ambientes que incentivem a interação e o aprendizado dinâmico, e isso moldará o futuro dos campi”, prevê ele.
Inovação e startups na educação
A inovação é central na estratégia da Ânima, que investe em startups por meio da Ânima Ventures. Marcelo defende que a inovação deve permear toda a instituição. “A inovação não pode ser restrita a alguns setores. Ela deve ser horizontal”, argumenta.
Além disso, ele vê o crescimento sustentável como essencial no mundo das startups. “Crescimento sem sustentabilidade financeira não faz sentido. É preciso pagar as contas para continuar inovando”, comenta.
Um olhar para o futuro
A Ânima utiliza tecnologias emergentes, como inteligência artificial e realidade aumentada, para transformar a experiência educacional. “A IA não vai substituir o professor, mas vai ajudá-lo a focar no que é insubstituível: o contato humano”, explica Marcelo.
O futuro da Ânima envolve mais investimentos em tecnologia, sempre com o objetivo de melhorar a experiência de ensino e preparar os alunos para um mundo em constante transformação.
Marcelo prefere pensar no futuro da educação de forma prática e ética: “Estamos construindo uma empresa que vai continuar existindo quando não estivermos mais aqui. Qualquer que seja o cenário, seremos cada vez mais humanos”.
Os desafios e o legado de Marcelo Bueno
Ao longo de sua trajetória, Marcelo enfrentou grandes desafios, como a pandemia, durante a qual a Ânima migrou todo o seu corpo discente para o ensino remoto em poucos dias. Ele também liderou importantes aquisições e expandiu o grupo com sucesso.
Marcelo sempre destacou a importância de preparar a sucessão, e o grupo recentemente nomeou Paula Harraca como CEO, a executiva trabalhou mais de 20 anos na ArcelorMittal, onde entrou como trainee na Argentina, seu país natal. “Ter uma mulher à frente da Ânima era um sonho antigo”, diz Marcelo
Bueno pratica Aikido desde os anos 90, o que moldou seu caráter e o preparou para os desafios da vida. Ele também valoriza a conexão com a natureza, sendo um pescador apaixonado e encontra na culinária um momento de descontração.
Marcelo também compartilhou suas inspirações: “O Pequeno Príncipe” é um de seus livros favoritos, e a música “Tocando em Frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, é uma de suas preferidas. Ele recomenda livros sobre a história do Dr. Ozires Silva, fundador da Embraer, e deixa uma mensagem clara: “Escutem o coração e façam a diferença”.