O Líbano elegeu para presidente o comandante das Forças Armadas, general Joseph Aoun, na 13ª votação em dois anos, por maioria parlamentar esmagadora — 99 votos entre 128 deputados, 18 anulados e nove em branco.
O Líbano com presidente é a novidade do Oriente Médio em profunda transformação, com o fim da ditadura de Bashar al-Assad na Síria e o enfraquecimento do Hezbollah, do Hamas e do Irã depois de 14 meses de guerra com Israel.
O novo presidente Aoun, que completa 60 anos nesta sexta-feira, não é parente de Michel Aoun, o último presidente do Líbano entre 2016 e 2022. Ele comanda as Forças Armadas desde 2017, lutou contra o Estado Islâmico na fronteira síria e tem o apoio dos EUA, onde treinou contraterrorismo em 2008.
A guerra entre Israel e Hezbollah causou danos calculados em 8,5 bilhões de dólares pelo Banco Mundial. A condição para o Líbano receber ajuda financeira foi preenchida hoje, com a eleição do novo presidente.
“Meu mandato será o da abertura para o leste e oeste, para a comunidade internacional, com base no respeito mútuo, na soberania do Líbano e na liberdade de decisão do país”, discursou Aoun ao ser eleito. “Estamos passando por uma crise de poder, de compreensão da democracia, uma crise de poder e de líderes. Estou comprometido com os libaneses a trabalhar para restaurar a imagem do Líbano no exterior, para combater a pobreza e o desemprego. As autoridades terão o monopólio das armas. É necessário que o Estado invista em seu exército, para poder proteger suas fronteiras, combater contrabando e terrorismo, e impedir agressões israelenses no território.”
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, parabenizou o general Aoun postando na plataforma X “a esperança de que a eleição contribua para fortalecer a estabilidade, um futuro melhor para o Líbano e seu moradores, e boa vizinhança.”
Interrompido por aplausos no Parlamento, o novo presidente ainda disse: “Meu mandato é seu, queridos deputados, e o de todos os libaneses que querem um Estado forte. Não temos tempo a perder. Nosso dever é ser mulheres e homens de Estado que pensam no futuro de nossas gerações mais jovens, no interesse público e não nos interesses privados. Eu não vou te decepcionar.”
O presidente Aoun prometeu formar um novo governo rapidamente. “Com o Parlamento e o governo, vamos endireitar a administração para devolver seu prestígio ao Estado e estabelecer uma administração moderna e eficiente”. Durante o segundo turno da votação, nesta quinta-feira, deputados do Hezbollah realizaram uma reunião com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, fazendo concessões que permitiram que a 13ª eleição em dois anos produzisse um presidente. Os Estados Unidos, a Arábia Saudita e a França promoveram a eleição, que é condição também para que Israel se retire definitivamente do sul do Líbano, atualmente em cessar-fogo.