Um míssil Houthi cruzou no céu com 14 aviões de combate israelenses, em altitudes distantes um dos outros, e com alvos nos países que os colocaram no ar.
O míssil, iraniano, foi parcialmente interceptado por um foguete israelense Arrow. Ao cair, sua ogiva destruiu uma escola sem alunos, de madrugada, em Ramat Gan, perto de Tel Aviv. Estilhaços foram recolhidos até no Parlamento de Israel, em Jerusalém. Milhares de pessoas correram para abrigos antiaéreos.
Os aviões israelenses, alguns chamados “espiões”, um para o reabastecimento no ar e outros de combate, voavam para retaliar um ataque Houthi com drone durante a semana. Os alvos atingidos, em Hodeida, foram rebocadores usados para trazer navios a seus três portos. Em Sanaa, a capital do Iêmen rebelde, duas usinas de energia, atacadas, paralisaram as operações portuárias. Os israelenses dizem ter destruído ainda um centro de comando e controle.
A distância entre o Iêmen e Israel é de 2 mil quilômetros. Um drone igual ao disparado contra Tel Aviv custa cerca de 20 mil dólares (R$ 122.909,99). O envio de uma esquadrilha aérea custa muito mais.
Os Houthis são o que restou do Eixo de Resistência que incluía o Irã, o Hezbollah, a Síria, o Hamas e milícias espalhadas pelo Iraque. Em um ano, eles lançaram 700 mísseis e 170 drones contra Israel. Embora o ministro da Educação israelense, Yoav Kish, tenha repetido, numa visita à escola destruída em Ramat Gan, que “o braço de Israel alcançará todas as frentes que nos atacam”, melhor será ter uma base militar perto do Iêmen.
Israel tem flertado com a Somalilândia, no Chifre da África. O país declarou independência da Somália, em 1991, e não foi reconhecido por nenhum país até hoje, embora desperte muito interesse por sua localização estratégica. A Etiópia propôs reconhecê-lo em troca de acesso ao Golfo de Aden, através do porto de Berbera. A Somália reagiu: o acordo, assinado, seria uma violação de sua soberania e uma ameaça à estabilidade regional. A Turquia, os Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Sudão e Djibuti se envolveram no imbróglio. Agora, também, Israel. Uma base aqui deixaria seus aviões a 710 quilômetros do Iêmen.
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