No Ponto a Ponto desta quarta-feira (18), Mônica Bergamo e Pierpaolo Bottini recebem Edinho Silva, prefeito de Araraquara e ex-ministro-chefe da Secom no governo de Dilma Rousseff. O petista faz uma análise do governo de Lula, e avalia a participação do Partido dos Trabalhadores (PT) no contexto atual da política brasileira.
“É impossível o PT ir para o centro, Mônica. O PT é o partido que sobrevive pela sua relação com os movimentos sociais, que historicamente defende os setores mais excluídos da sociedade, que combate a discriminação, o preconceito”, diz.
“Então, o mercado financeiro agrega valor, a questão é que o mercado financeiro concentra a renda. O momento em que o capital sai da produção, que é o que gera emprego e distribuição de renda, ele vai concentrando renda. Em um país que se tem concentração de renda, pobreza, miséria e exclusão como que o partido com a história do PT vai ao centro? É impossível”.
Políticas econômicas de Haddad
As políticas econômicas adotadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também foram comentadas pelo político do interior paulista. Ele admite um erro na comunicação da situação econômica do país, mas diz entender a posição adotada pelo Governo Federal.
“Participei de um debate com representantes do mercado financeiro, ainda em 2022, na campanha, que fui chamado para representar, de alguma forma — ninguém representa o presidente Lula — mas, de alguma forma falar sobre as concepções do governo, e muita gente do mercado dizia que esperava uma redução gradual do déficit ao longo do tempo”, afirma.
“O próprio mercado dizia ‘vamos reduzir 0,5%, vamos caminhar para 0,75%’, tinha uma compreensão do mercado de que se fosse assim, não teria problema nenhum. Mas eu entendo também o esforço do ministro Haddad em dizer ‘olha, nós vamos governar com austeridade por que é necessário, a situação fiscal do Brasil é grave. O problema é que a gente não disse de forma enfática o tamanho da gravidade, da situação do país. Isso nao foi incorporado, e hoje, é praticamente, é como se a conta viesse só para nós. Como se nós tivéssemos gerado esse rombo nas contas públicas”, completa.