Em um cenário eleitoral marcado pela polarização, o chamado “Cinturão da Ferrugem” se destaca como uma região-chave para o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos. Esta área, que já foi o coração da indústria americana, quando era conhecida como o “Cinturão do Aço”, hoje sofre com o declínio econômico, altos índices de desemprego e uma crise social acentuada, marcada pelo consumo elevado de drogas e pela deterioração de muitas de suas cidades. Porém, apesar das dificuldades, os estados que compõem essa região são decisivos para o Colégio Eleitoral, o que os torna um campo de batalha crucial entre republicanos e democratas.
A Região e o peso eleitoral
Composta por estados industriais em declínio, como Michigan, Pensilvânia, Ohio, Wisconsin e outros, o Cinturão da Ferrugem representa 149 votos eleitorais dos 538 do Colégio Eleitoral – ou seja, cerca de 27% do total necessário para garantir a vitória em uma eleição presidencial. Nas últimas eleições de 2020, a disputa nessas regiões foi acirrada: enquanto os estados de tradição trabalhista como Michigan e Pensilvânia acabaram se voltando para Joe Biden, outros, como Ohio e Wisconsin, se mantiveram firmemente no campo republicano, votando em Donald Trump.
Mudança de comportamento eleitoral
Historicamente, o Cinturão da Ferrugem foi um território dominado pelos democratas. Desde o início dos anos 2000, os candidatos do partido costumavam sair vitoriosos em várias dessas regiões, um exemplo claro disso foi a “muralha azul” construída por Barack Obama nas eleições de 2008 e 2012. Contudo, a eleição de 2016 marcou uma virada. O discurso nacionalista e protecionista de Donald Trump conseguiu conquistar uma parte significativa da classe trabalhadora da região, que via em suas promessas de revitalização da indústria e combate à globalização a esperança de recuperação econômica.
Trump fez um apelo direto a esse eleitorado, que sentia que a industrialização do século XX, tão central para a economia de muitos desses estados, estava desaparecendo, levando empregos e oportunidades de volta para o exterior. A ideia de “America First” (América em Primeiro Lugar) fez eco entre os trabalhadores que sofreram com as deslocalizações de fábricas e a estagnação econômica local.
Os Swing States e a disputa eleitoral de 2024
Além do Cinturão da Ferrugem, outros estados estão sendo observados como peças-chave para o pleito de 2024. Os chamados *Swing States*, ou estados-pêndulo, são conhecidos por sua natureza imprevisível e capacidade de mudar de partido a cada eleição. Arizona, Wisconsin, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada e Pensilvânia são considerados indecisos, com eleitores que não votam consistentemente em um único partido, tornando-os fundamentais para qualquer candidato que busque os 270 votos eleitorais necessários para a vitória.
Com um total de 93 delegados, esses estados podem determinar o resultado da eleição. A Pensilvânia, por exemplo, é um dos maiores estados indecisos, com 20 votos eleitorais em jogo, o que lhe confere um peso ainda maior na disputa. Para um candidato, vencer três ou mais desses estados pode ser a chave para conquistar a Casa Branca.
Cenário para 2024: o desafio da revitalização industrial e da polarização política
Com a ascensão de novas questões políticas e sociais, como a crise climática, a pandemia de COVID-19 e o aumento da desigualdade econômica, os próximos meses prometem ser decisivos para os candidatos. O Cinturão da Ferrugem, assim como os Swing States, será o centro das atenções, já que ambos os partidos tentam conquistar os eleitores dessa região que, por tanto tempo, foi essencial para moldar o futuro político do país. A disputa por essas áreas é uma luta não só por votos, mas por um novo contrato social com uma classe trabalhadora que sente os efeitos da globalização e da automação, além de buscar soluções para uma economia em transição.