Musk e Trump: a besteira em série
________________________________________________________________________________________________________________
A armadilha da dívida
________________________________________________________________________________________________________________
Quando os gatos se tornam uma questão política
________________________________________________________________________________________________________________
O novo perigo
A Coreia do Norte e a Rússia se aproximam. O que isso significa para a guerra na Ucrânia?
Um especialista aconselha o Ocidente a diminuir a escalada.
________________________________________________________________________________________________________________
“Ele nos amou” (Dilexit nos), a nova encíclica do Papa Francisco sobre o amor humano e divino do coração de Jesus Cristo.
________________________________________________________________________________________________________________
Revelações sobre os 20 dias que mudaram a França
________________________________________________________________________________________________________________
As vítimas da Samarco pedem justiça em Londres
________________________________________________________________________________________________________________
Coreia do Norte diz ter o direito de enviar tropas para a Rússia
A Coreia do Norte comentou nesta sexta-feira, pela primeira vez, o que já foi notícia mundo afora durante a semana, mas sem admitir que ela seja verdadeira: qualquer suposto envio de tropas norte-coreanas para a Rússia “cumpriria as leis e normas internacionais”. Mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano só não confirmou o envio de tropas porque ele não interfere em assuntos sob jurisdição do Ministério da Defesa.
O presidente russo Vladimir Putin se recusou a negar as informações divulgadas pelos Estados Unidos e Coreia do Sul de que 3 mil soldados da Coreia do Norte foram de navio de Wonsan para Vladivostok, no leste da Rússia.
A Coreia do Sul “não ficará de braços cruzados” e vai tomar “medidas necessárias”, de acordo com o progresso da cooperação militar Pyongyang-Moscou, alertou o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol. Ele ainda acrescentou: “Condenamos em termos vigorosos o desenvolvimento nuclear e de mísseis da Coreia do Norte e as provocações e a cooperação militar ilegal com a Rússia.”
O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) sul-coreano apurou que a vizinha Coreia do Norte deverá enviar 12 mil soldados, entre eles milhares de forças especiais, fora os 3 mil que já chegaram à Rússia, até dezembro — o que, para ele, viola a Carta da ONU e resoluções do Conselho de Segurança. O presidente Yoon disse que poderá fornecer ajuda letal à Ucrânia, para onde só destinou, até agora, ajuda humanitária.
O jornal New York Times desta sexta-feira abre o noticiário da Coreia do Norte-Rússia assim: “Chefes de estado raramente enviam milhares de seus soldados para lutar na guerra de outra pessoa sem esperar algo em troca”. E a questão é: o que quer em troca Kim Jong-un, o líder norte-coreano?
Há muitas respostas. Tantas que o porta-voz da Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, comentou: “Isso é o que é tão preocupante para nós”. Em geral, a curto prazo, a Rússia pode dar assistência com suas capacidades militares. Por exemplo: os mísseis da Coreia do Norte não estão indo bem na Ucrânia, e os russos os aperfeiçoariam. A longo prazo, Kim quer a certeza de conseguir confrontar os Estados Unidos e seus vizinhos. Isso também depende de Vladimir Putin.
Em junho, Kim e Putin assinaram um documento em que prometem: “No caso de qualquer um dos dois lados ser colocado em estado de guerra por uma invasão armada de um estado individual ou de vários estados, o outro lado fornecerá assistência militar com todos os meios disponíveis e sem demora”. A Coreia do Norte também quer ajuda para lançar três satélites militares.
________________________________________________________________________________________________________________
Post não endossa Trump nem Harris. “Furor” na redação
O jornal Washington Post enfrentou o “furor” de seus jornalistas nesta sexta-feira ao anunciar que não vai endossar nenhum dos dois candidatos à Casa Branca, pela primeira vez em 36 anos.
“Estamos retornando às nossas raízes de não endossar candidatos presidenciais”, escreveu o editor-chefe Will Lewis em um artigo de opinião no site do jornal.
“Isso é covardia, um momento de escuridão que deixará a democracia como uma vítima”, disse o ex-editor executivo do Washington Post, Martin Baron, em uma declaração à National Public Radio (NPR), numa alusão ao lema do jornal, logo abaixo do logotipo: Democracy Dies in Darkness (A Democracia Morre na Escuridão).
A NPR conta que o furor foi tanto, na tarde desta sexta-feira, que o diretor de tecnologia mandou bloquear questões sobre a decisão na busca de Inteligência Artificial no site do jornal. Baron comentou: “Donald Trump celebrará isso como um convite para intimidar ainda mais o dono do The Post, Jeff Bezos (e outros donos de mídia). A história marcará um capítulo perturbador de falta de coragem em uma instituição famosa por sua coragem.”
Uma decisão igual foi tomada na semana passada pelo dono do Los Angeles Times, Patrick Soon-Shiong. A editora editorial Mariel Garza pediu demissão em protesto. Ela escreveu que ficou parecendo “covarde e hipócrita”. O New York Times endossou Kamala Harris pouco depois que ela se tornou candidata. E nesta sexta-feira, o New York Post apresentou na capa o seu voto por Donald Trump, com a manchete: “De volta para o Futuro.”
________________________________________________________________________________________________________________
“Seu novo médico”
________________________________________________________________________________________________________________
Cinco explosões ouvidas em Teerã marcaram o início da retaliação de Israel pelos 181 mísseis balísticos disparados pelo Irã contra alvos israelenses, em 1º de outubro. Antes, houve relatos de interrupções na internet.
“Israel está atualmente atacando alvos precisos no Irã”, confirmou o porta-voz militar em Trl Aviv, Daniel Hagari. “Isso é em resposta aos ataques persistentes do regime iraniano ao Estado de Israel”.
O ministro da Defesa Yoav Gallant, o primeiro-ministro Netanyahu, o chefe do Estado Maior Herzi Halevi e o chefe da Força Aérea israelense, Tomer Bar, acompanham o ataque de um centro de comando.
A Casa Branca foi avisada do início do ataque, iniciado por volta de três horas da manhã do sábado, nove horas da noite de sexta-feira no Brasil. Já houve uma segunda série de explosões, em Shiraz e Damasco. O porta-voz Hagari comentou que “As FDI (sigla de Forças de Defesa de Israel) estão atacando alvos precisos no Irã”.
O esquadrão que toma parte nos ataques foi o mesmo que decolou para matar Hassan Nasrallah em Beirute. O Conselho de Segurança dos EUA comunicou que Israel está atacando o Irã “em exercício de autodefesa”.
Explosões se alastram pelo Irã. Agora são ouvidas em Isfahan, Mashhad e Curdistão. A Agência Fars, afiliada à Guarda Revolucionária do Irã, informa que várias bases militares foram atacadas a oeste e sul de Teerã. O aeroporto internacional Iman Khomeini está operando. Os israelenses estão assistindo os ataques ao vivo pela TV.
Neste momento, Teerã vive momentos de silêncio. Os iranianos não receberam nenhuma orientação do que deveriam fazer em caso de ataque de Israel, esperado há 25 dias. As duas maiores potências militares do Oriente Médio estão pela primeira vez em ataques diretos, desde a chuva de 200 mísseis balísticos do Irã em setembro.
Até agora, a guerra era travada com as forças mantidas pelo Irã contra Israel, como o Hamas, em Gaza, o Hezbollah, no Líbano, os Houthis, no Iêmen, e algumas milicias espalhadas pelo Iraque e Síria. Não há notícias de disparos do sistema de defesa antiaéreo iraniano, mas talvez porque as informações estão surgindo de fontes israelenses ou norte-americanas. O líder supremo aiatolá Khameney havia posto seu exército e os Guardas da Revolução Iraniana em prontidão para responder à retaliação israelense.
Em Tel-Aviv o porta-voz Hagari diz que Israel está preparado tanto para atacar quanto para se defender.
As FDI não divulgaram nenhuma orientação especial aos israelenses. Curiosamente, os iranianos ouviram as explosões, depois que aconteceram, mas, antes, nenhum barulho de mísseis ou caças bombardeiros. O jornal Maariv, israelense, informou que houve explosões no aeroporto Imam Khomeini e que o espaço aéreo do Irã foi fechado.
Segundo a mídia síria, a defesa aérea em Damasco confrontou “alvos hostis”. Explosões também foram ouvidas no Iraque. Mas não havia aviões sobrevoando nenhum dos dois países — atacados, talvez, e se atacados, por drones ou mísseis balísticos.
Uma das cidades em que explosões foram registradas no Irã é Karaj, onde há uma usina nuclear. Israel se comprometeu com os EUA que não atacaria infraestrutura petrolífera ou nuclear.
A Al Jazeera transmitiu uma entrevista de um analista próximo ao governo de Teerã que disse que o Irã esperava ataques mais violentos e que tinha condições de vencer uma guerra contra Israel. Até agora, de acordo com a Fars News, várias bases militares foram atacadas.
Um vídeo transmitido pela Tasnim mostra o horizonte de Teerã com esta legenda: “Não há fogo nem fumaça neste cenário”. Um noticiário atribuiu as explosões ouvidas ao som da defesa aérea iraniana.
Não se sabe qual a escala e duração do ataque de Israel ao Irã. Nos últimos 25 dias, as ameaças dos políticos israelenses fizeram supor uma devastadora retaliação. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, chegou a dizer que seria “perfeita, surpreendente” — e que os próprios iranianos só teriam ideia do que lhes aconteceu depois de tudo terminar.
O jornal Teerã Times online é um contraste com as notícias de guerra difundidas em Israel. Neste momento, em sua home page, o título é: “Noite calma em Teerã: serviços de emergência não reportam incidentes”. Ao lado, um pequeno título acrescenta: “Israel diz que atacou alvos militares em solo iraniano.”
Um drone do Líbano explodiu na Galileia, em Israel, em causar vítimas, mas os alarmes de ataque aéreo soaram em toda a costa israelense do Mediterrâneo.
O canal 12 da TV de Israel informa que os bombardeios no Irã visaram quarteis dos Guardas da Revolução Islâmica e instalações de defesa aérea. A agência Reuters diz que a mídia local está descrevendo uma quarta onda de explosões em Teerã, muitas das quais atribuídas a ativação do sistema de defesa aéreo.
Nos confrontos entre Irã e Israel desde setembro, com a primeira saraivada de mísseis balísticos, há uma visível preocupação de não provocar uma guerra maior. Nos disparos contra Israel, apesar da quantidade de mísseis, só um palestino morreu, atingido por fragmentos de míssil neutralizado. Na retaliação que se seguiu, Israel disparou um único míssil que chegou sem ser percebido à porta de Isfaham, um dos locais mais protegidos do Irã, por causa das usinas nucleares. Foi, ao que se disse na época, uma demonstração da capacidade israelense de penetrar o mundo secreto iraniano, como no assassinato de Ismail Hanyeh, o chefe político do Hamas que estava em Teerã para a posse do novo presidente.
Nethanyahu, ministro da Defesa e a cúpula militar, em foto distribuída pelo governo israelense
_______________________________________________________________________________________________________________________
O tráfego aéreo no Iraque, que fica entre Israel e Irã, foi suspenso. “Por causa das tensões regionais, os aeroportos iraquianos estão fechados até segunda ordem”, comunicou o ministro dos Transportes, Razak Mohibis Al-Saadawi. Explosões foram ouvidas nos subúrbios de Diyala e Salah al-Din.
O embaixador israelense na ONU, Dany Danon, escreveu nas redes sociais que “Israel usará todos os meios disponíveis para proteger seus cidadãos e não permitirá que o Irã continue se escondendo atrás de seus representantes” (referindo-se ao Hezbollah, Hamas e Houthis).
Do jornal Tehran Times, o sábado amanhecendo em Teerã: “Apesar dos supostos ataques israelenses, nenhuma evidência de danos ou baixas ainda foi relatada. O aparente fracasso dos ataques sugere que os sistemas de defesa iranianos podem ter interceptado com sucesso todos os projéteis.” O jornal diz que o Irã está com mil mísseis preparados para um contra-ataque.
Fontes israelenses estão afirmando que o ataque ao Irã foi encerrado às cinco da manhã, cerca de 2,30 horas depois de iniciado. Num primeiro balanço, Israel diz ter atacado 20 locais. Ainda não foram divulgados detalhes da operação.
Por coincidência, o ataque de Israel começou quando o avião do secretário de Estado Antony Blinken pousava em Washington. Ele passou a semana no Oriente Médio tentando reavivar as negociações para cessar fogo e libertação de reféns, em Gaza, e os ataques israelenses a Beirute e no sul do Líbano.
________________________________________________________________________________________________________________
A operação “Dias de Arrependimento”, como Israel batizou o ataque ao Irã, contou com dezenas de caças bombardeiros, aviões espiões e reabastecedores. Todos pousaram de volta em suas bases israelenses. A 1.600 quilômetros de distância, realizaram várias ondas de ataques em várias áreas do território iraniano.
O porta-voz militar em Tel Aviv disse que foram atingidos alvos militares, inclusive baterias de defesa aérea, e fábricas de mísseis balísticos. E acrescentou que sobrou um banco de alvos para futuras operações. Os prejuízos e danos dos ataques serão revelados a tempo. “O Irã pagou um preço por seus ataques a Israel”.
Os comandantes das forças israelenses começaram na manhã deste sábado uma reunião para avaliar qual será uma potencial resposta do Irã.
Acabou? Será que o Irã vai retaliar a retaliação da retaliação de outra retaliação, e nunca chegaremos a um círculo virtuoso? Curioso é que, depois de 26 dias esperando o ataque israelense, a imprensa não consegue mostrá-lo no dia seguinte. Os jornais de Israel não saem hoje, shabath.
Para os europeus, começou muito tarde, quando a maioria deles já seguia para os assinantes e quiosques. Os americanos estão com as eleições —o New York Times dá manchete com o bombardeio, sem fotos, mas o miolo da capa é um artigo de opinião sobre o que acontecerá se Donald Trump voltar à Casa Branca (na minha opinião, ele vai querer destruir o NYT, que o tem bombardeado com editoriais pesados e corajosos, dia sim e outro também).
Os jornais nacionais, com segunda rodada das eleições municipais amanhã, domingo, pegaram o início do ataque no Oriente Médio, anunciado pelas 21 horas de Brasília, horário avançado do fechamento nas redações.
Poderá acabar, voltando a questão inicial, se o Irã não ampliar o círculo vicioso de retaliações, e as iniciativas de cessar fogo no Líbano e em Gaza produzirem resultados.
Poderá acabar, voltando a questão inicial, se o Irã não ampliar o círculo vicioso de retaliações, e as iniciativas de cessar fogo no Líbano e em Gaza produzirem resultados.
________________________________________________________________________________________________________________
O DIA SEGUINTE DO ATAQUE AO IRÃ
Mais de 100 caças e drones israelenses participaram do ataque ao Irã na madrugada deste sábado, no horário local. E quatro iranianos tornaram-se “mártires”, ou foram mortos.
Sem muito alarde, porém, houve outros dez “mártires”, mas não por causa de Israel. Os dez, que eram guardas de fronteira, foram atacados por militantes sunitas em Taftan, na província de Sistan-Baluchistão, na fronteira com o Afeganistão e o Paquistão, a 1.200 quilômetros de Teerã.
O Irã proclamou o sucesso de sua defesa aérea, mas todos os aviões israelenses voltaram às suas bases. Drones atingiram a base militar secreta de Parchin, que fabrica mísseis, nos arredores de Teerã.
O presidente Biden disse neste sábado que Israel parece ter atingido exclusivamente alvos militares, que foi o compromisso assumido pelo primeiro-ministro Netanyahu. “Espero que este seja o fim”, ele acrescentou.
Israel divulgou fotos de seus F-15 e F-16 partindo para o bombardeio a 1.600 quilômetros de distância. A surpresa: entre os pilotos, quatro mulheres.
Peças de mísseis foram recolhidas ao norte de Bagdá. Israel também atacou alguns alvos na Síria. O aeroporto de Teerã voltou a funcionar às 9h30. A vida na cidade é normal, como se os ataques da madrugada não tivessem existido. Muitos iranianos dizem que sequer ouviram explosões. O governo do líder supremo aiatolá Khamenei está minimizando o que sofreu para não reiniciar o ciclo das retaliações.
Para Israel, a guerra continua no front libanês, de onde foram disparados vários mísseis que puseram fogo na Reserva Natural de Hula. As sirenes de alerta de ataques soaram em Nahariya e cidades vizinhas.
(Fotos distribuídas pelo porta-voz israelense).
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da BandNews TV*