É impossível praticar a Medicina de forma adequada atualmente sem a participação de uma equipe multidisciplinar, especialmente quando falamos em oncologia mamária. O suporte psicológico, do fisioterapeuta, do nutricionista, da enfermagem — todos desempenham papéis relevantes no tratamento. A integração de cada profissional, no momento certo, é uma parceria fundamental para melhores resultados.
Um exemplo claro é o efeito da nutrição adequada durante todo o processo. Alimentar-se de maneira correta auxilia o sucesso do tratamento e pode reduzir o risco de o câncer voltar.
O mesmo ocorre com a atividade física. Um estudo recente, apresentado no último Congresso Europeu de Oncologia, realizado agora em setembro, demonstrou que pacientes que se exercitam durante a quimioterapia aumentam suas chances de cura. Por isso, incluir a atuação de profissionais de educação física, assim como nutricionistas, o mais cedo possível no tratamento, faz toda a diferença.
A nutrição, por exemplo, influencia duas grandes áreas no corpo. Primeiro, o sistema imunológico, que é diretamente modulado por aquilo que comemos através da flora intestinal, chamada de microbioma. Depois, os alimentos que ingerimos também modulam genes tanto de células normais quanto cancerosas podendo influenciar no comportamento delas.
Outro fator essencial, como já citado, é a atividade física. Além de também melhorar o sistema imunológico, o exercício físico diminui o estresse, reduzindo os níveis de cortisol e adrenalina, substâncias que podem comprometer a eficácia do tratamento. O exercício reduz marcadores inflamatórios, o que é particularmente relevante no contexto do câncer. Estudos mostram que, mesmo durante e após a quimioterapia, os pacientes que se exercitam apresentam menor inflamação corporal, o que contribui diretamente para o sucesso do tratamento.
Ao garantir esse suporte completo, as pacientes não apenas apresentam melhores taxas de sobrevida, como alcançam uma qualidade de vida muito superior. Por isso, a quarta edição do livro “Vencer o Câncer de Mama”, que acaba de ser lançada, está ainda mais aprofundada nesses temas, destacando a importância de uma abordagem multidisciplinar. A informação clara e acessível oferecida é fundamental para que os pacientes entendam a relevância desses cuidados e como eles podem fazer a diferença no caminho para a cura.
Essa visão mais ampla e integrada da oncologia oferece esperança aos pacientes, mostrando que, com o suporte correto e as práticas adequadas, é possível viver não apenas mais tempo, mas com qualidade. A ciência, hoje, nos dá ferramentas para isso, mas é essencial que todos os envolvidos — desde médicos, profissionais de saúde de diversas áreas, até os próprios pacientes e seus familiares — compreendam a importância da informação e do conhecimento compartilhado no tratamento do câncer de mama.
Dr. Antonio Carlos Buzaid – CRM SP 45.405
Oncologista
Diretor médico geral do Centro de Oncologia do Hospital A Beneficência Portuguesa
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