O mercado financeiro brasileiro está passando por transformações significativas impulsionadas por tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial (IA), blockchain e a tokenização de ativos. Essas inovações estão remodelando a forma como transações, investimentos e concessão de crédito são conduzidos, trazendo novos níveis de eficiência, transparência e segurança para o setor.
Com a contínua evolução dessas tecnologias, o mercado financeiro brasileiro caminha para se tornar cada vez mais digitalizado e acessível.
Os próximos anos devem testemunhar uma integração ainda mais profunda entre tecnologia e finanças no Brasil, à medida que as regulamentações se ajustam para acompanhar o ritmo das inovações. A transformação digital no setor financeiro brasileiro, impulsionada por essas tendências emergentes, promete não apenas otimizar processos internos, mas também gerar uma nova era de inclusão financeira e acessibilidade para milhões de brasileiros.
No Brasil, uma fintech que tem se destacado ao simplificar e democratizar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas (PMEs). Com uma proposta inovadora, a Delend busca transformar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) por meio de uma abordagem tecnológica e integrada com as últimas tendências do Open Finance. Em uma conversa exclusiva com o fundador e CTO da Empresa, Lício Carvalho compartilhou sua jornada, insights sobre o mercado financeiro, e os desafios de empreender no Brasil.
A Criação da Delend: Uma Resposta ao Mercado de Duplicatas
A Delend foi fundada com o objetivo de solucionar um problema antigo no mercado de crédito para PMEs: a falta de instrumentos adequados para compras de grande valor.
Com o Banco Central regulamentando o registro central de duplicatas, Lício e sua equipe enxergaram uma oportunidade única. “Percebemos que havia um mercado nascendo aqui,” comentou. O diferencial da Delend está na sua capacidade de usar o Open Finance para coletar dados das empresas e transformar essas informações em avaliações precisas sobre a qualidade dos recebíveis. Esse modelo permitiu à Delend oferecer taxas competitivas para que as PMEs pudessem antecipar esses recebíveis e obter capital de giro de maneira mais ágil e eficiente.
“Nosso trabalho começa na duplicata, mas vai muito além,” explicou Lício. A fintech usa dados regulados pelo Banco Central para construir um perfil confiável das empresas e, com isso, negocia melhores condições no mercado financeiro. Esse modelo inovador, que utiliza inteligência de dados e tecnologias avançadas, tem permitido à Delend crescer rapidamente e conquistar uma base sólida de clientes.
Como muitas startups de sucesso, a Delend começou com capital próprio. Lício e seus sócios decidiram investir recursos próprios para acelerar a jornada da fintech, o que permitiu a compra de uma empresa tradicional no setor, a Rede OK, que já tinha uma carteira de 20 mil clientes. “A maior dificuldade do empreendedorismo é criar tração,” disse Lício. Ele relembra as dificuldades que enfrentou em negócios anteriores, onde quase precisou fechar as portas por falta de clientes. Com a experiência adquirida, ele percebeu que começar com uma base já estabelecida de clientes seria um caminho mais seguro para testar o mercado e iterar o produto rapidamente.
A Delend já captou mais de R$ 50 milhões, incluindo R$ 30 milhões de capital próprio e rodadas de investimento com investidores-anjo e fundos de venture capital.
Inovação Tecnológica no Open Finance
Uma das grandes apostas da Delend está no Open Finance, um movimento que está redesenhando o sistema financeiro mundial, permitindo a integração e o compartilhamento de dados entre diferentes instituições financeiras. Para Lício, o Open Finance não representa uma revolução, mas uma “evolução acelerada.” Ele acredita que o futuro do sistema financeiro será marcado pela migração de contas e pela competição por melhores produtos. “Com o Open Finance, o consumidor vai poder escolher o melhor produto de cada instituição e centralizar tudo em uma única plataforma,” explicou.
A Delend está na vanguarda dessa tendência, oferecendo soluções que facilitam o processo de pagamento e formalização de vendas entre empresas, usando o PIX e outras tecnologias. A empresa já permite que clientes iniciem pagamentos diretamente de uma conta em um banco para outra, sem a necessidade de intermediários. “Nós queremos simplificar a vida do empreendedor, ajudando a formalizar suas operações e garantindo que ele tenha acesso ao crédito de forma mais eficiente,” destacou.
Apesar do sucesso, Lício reconhece que há muitos desafios no mercado de crédito para PMEs. A principal dificuldade, segundo ele, é a falta de formalização dos pequenos empreendedores. “O pequeno empreendedor faz muita coisa correta, mas ele não sabe demonstrar isso,” comentou.
Inteligência Artificial e Crédito para PMEs
A principal aplicação da IA no mercado financeiro está na capacidade de analisar grandes volumes de dados de forma rápida e precisa. A Delend utiliza IA para otimizar suas avaliações de risco de crédito e desenvolver soluções financeiras
personalizadas, ajudando a reduzir a taxa de inadimplência e facilitando o acesso ao crédito para PMEs, que tradicionalmente enfrentam barreiras no sistema financeiro.
“Com a IA, conseguimos analisar de forma precisa o risco de crédito de PMEs, mesmo sem um histórico financeiro robusto. Isso abre portas para um crédito mais acessível e justo”, explica Lício. Ele destaca que a IA permite avaliar dados que os bancos tradicionais não consideram, como histórico de compras e interações digitais, criando uma visão mais completa e inclusiva das empresas.
Essa abordagem tem o potencial de transformar o cenário econômico brasileiro, onde muitas PMEs ainda têm dificuldade em acessar financiamento. Segundo o CTO da Delend, a meta é construir um ecossistema que não apenas facilite o crédito, mas também promova o crescimento sustentável dessas empresas.
Blockchain e Tokenização: Transparência e Eficiência
Além da IA, a Delend está investindo fortemente na implementação da blockchain e na tokenização de ativos financeiros. Essas tecnologias têm o potencial de trazer transparência e eficiência para o mercado financeiro, reduzindo a burocracia e aumentando a segurança das transações.
Lício ressalta que a blockchain permite rastrear todas as etapas de uma transação financeira, garantindo uma cadeia de custódia clara e inquebrável. “A tokenização, por sua vez, permite que ativos financeiros sejam divididos em partes menores e vendidos em uma plataforma digital, o que democratiza o acesso ao investimento. Isso facilita a entrada de pequenos investidores em mercados antes restritos a grandes players”, pontua.
A Delend já está trabalhando na tokenização de empréstimos para PMEs, o que permitirá que investidores adquiram partes desses empréstimos como uma forma de diversificar seus portfólios. Esse modelo de negócios não só oferece mais opções para os investidores, como também garante que as PMEs possam acessar financiamento a taxas mais competitivas.
O Futuro da Inovação Tecnológica no Setor Financeiro
Para Lício, o futuro do setor financeiro está na integração dessas tecnologias com soluções personalizadas para diferentes perfis de clientes. Ele acredita que as fintechs têm um papel fundamental nesse processo, pois são mais ágeis e inovadoras do que as instituições financeiras tradicionais. “O mercado está se transformando, e quem não acompanhar essa evolução ficará para trás”, afirma.
Com um time de desenvolvedores e especialistas em tecnologia, a fintech está criando uma infraestrutura robusta e inovadora para conectar PMEs e investidores de maneira mais eficiente, transparente e segura.
Desafios e Oportunidades
No entanto, Lício não ignora os desafios que ainda existem para a adoção em larga escala dessas tecnologias. Ele aponta que, embora a IA e a blockchain ofereçam inúmeras vantagens, ainda há um longo caminho para a regulamentação e a adoção generalizada no mercado financeiro. “A legislação ainda não acompanha a velocidade da inovação, mas acredito que isso é uma questão de tempo. O potencial é tão grande que os reguladores eventualmente terão que adaptar as regras”, conclui.
Lício também enxerga a tokenização como uma ponte entre o mercado financeiro tradicional e o novo mundo digital. Ele acredita que a integração dessas tecnologias permitirá uma revolução silenciosa, que beneficiará desde as grandes corporações até o pequeno investidor.
“Acreditamos que o papel das fintechs é tornar o mercado mais acessível para todos. Queremos que mais PMEs tenham acesso a crédito de qualidade, e que mais pessoas possam investir em ativos que antes eram inacessíveis”, afirma Lício. Ele finaliza destacando que a missão da Delend é não só fornecer soluções tecnológicas, mas também criar um impacto social positivo no Brasil.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da BandNews TV