Para coroar a noite em que a vice-presidente Kamala Harris enfrentou Donald Trump, e o venceu segundo a maioria de analistas nas redes de TV dos EUA, a cantora de 283 milhões de seguidores, Taylor Swift, a endossou, escrevendo no Instagram:
“Como muitos de vocês, assisti ao debate desta noite. Vou votar em Kamala Harris e Tim Walz (seu vice) na eleição presidencial de 2024. Vou votar em @kamalaharris porque ela luta pelos direitos e causas que acredito que precisam de um guerreiro para defendê-los”.
Na assinatura, “childless cat lady”, mulher gato sem filhos, Swift ironizou JD Vance, o vice de Trump, que declarou que as mulheres estão tendo gatos, não filhos, e incluiu uma foto em que segura um gato.
O ex-presidente Trump passou muito dos 90 minutos do debate na defensiva, repetindo reconhecidas mentiras, como a de que ganhou a eleição em que Joe Biden foi eleito presidente, ou a de que não incitou uma multidão a invadir o Capitólio em 6 de janeiro, e a de que os imigrantes comem cachorros e gatos. Gabou-se de seus resultados econômicos, do “durão” que foi com os membros da OTAN, de sua política de contenção de imigrantes ou da epidemia da Covid 19, faltando à verdade na maioria das vezes.
Promotora no início da carreira, Kamala Harris lembrou que Trump é um criminoso condenado e listou os casos em que ele ainda é réu, os julgamentos adiados para depois das eleições.
Tanto falava (mal) do presidente Joe Biden que Harris teve que lembrar: “A candidata sou eu”. Ambos foram pegos em pequenas mentiras. Trump principalmente. Em uma delas, disse ter salvado a assistência à saúde de baixa renda conhecido por Obamacare. E Harris fixou em 800 mil o número de empregos criados, esquecendo de uma revisão oficial que o rebaixou.
O que mais diferenciou Harris de Trump, com apelo aos eleitores, é que ela defendeu “virar a página” nos EUA. Descreveu o eleitorado como cansado de Trump, das lorotas de que, se ele estivesse no poder, não haveria guerra na Ucrânia, porque Vladimir Putin o respeita, ou de que o Hamas não teria invadido Israel em 7 de outubro.
Trump lembrou que Harris foi uma ausência notável durante o discurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ao Congresso, em Washington, assim enfatizando o seu parecer de que ela “odeia Israel”, e que Israel deixará de existir se ela for eleita. Harris afirmou ser favorável à solução de dois estados, Israel e Palestina, como proposto pelo presidente Biden, e que trabalhará dia e noite para encerrar a guerra de 11 meses em Gaza, com mais de 41 mil palestinos mortos. Ela ainda enfatizou que os EUA sempre estarão ao lado de seu aliado, Israel.
No início do debate, a vice-presidente Kamala Harris tomou a iniciativa de apertar a mão de Donald Trump. No fim, cada um saiu em direção oposta, sem despedida.
Trump na defensiva
É o que dizem hoje as análises dos jornais New York Times e Washington Post. Neles, Kamala Harris saiu vitoriosa do debate, primeiro e talvez único. O tabloide New York Post denuncia: KAMBUSH!, palavra criada para significar que Kamala e os mediadores da rede ABC emboscaram Trump. The Wall Street Journal descreve o debate como um confronto sobre aborto, economia e imigração. Vejamos os articulistas: Frank Bruni diz que Trump “divagou” e fez “papel de bobo”. Tucker Carlson: Trump “espalha ideias bizarras sobre a Segunda Guerra Mundial”. Michelle Goldberg e Patrick Healy: “Ela (Kamala) o humilhou”. Robinson Meyer: “Trump é, foi e será um presente para a China”. Mara Gay: “Sobree aborto, Trump naufragou na fantasia”. Karen Tumulty: “Má notícia para Trump: Harris não é Biden”. E a pergunta sem resposta feita por Matt Bai, no Washington Post: “O debate terá algum impacto duradouro?”