A Rússia voltou a bombardear a Ucrânia com 11 mísseis balísticos (sete dos quais derrubados) e 29 drones (22 dos quais destruídos), matando sete pessoas, entre as quais três crianças, e provocando estragos na região de Lviv, que tem partes tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. A Polônia colocou suas forças de defesa aérea em alerta, porque Lviv está ao lado de sua fronteira ocidental.
Os ataques desta quarta-feira e os avanços russos na região de Kherson, no sul da Ucrânia, ocorreram um dia depois do bombardeio devastador de mísseis contra uma academia militar em Poltava, na região central do país, que deixou 51 mortos e 271 feridos. Uma mulher foi retirada viva dos escombros 24 horas depois de soterrada.
Em Kiev, a capital, o presidente Volodymyr Zelensky procura dar “energia” a seu governo, trocando alguns ministros. O principal e mais conhecido ministro do governo, o chanceler Dmytro Kuleba, ofereceu sua renúncia. Outros seis, ou cinco, o acompanharão. Mas não há informações oficiais sobre a reforma ministerial e algum pessimismo sobre se ela será capaz de “fortalecer a Ucrânia na guerra”.
O presidente Joe Biden condenou o ataque pesado sobre Poltava, que chamou de “lembrete trágico das tentativas contínuas e ultrajantes de Putin de quebrar a vontade de um povo livre”. Putin está na Mongólia, que deveria prendê-lo como membro do Tribunal Penal Internacional (TPI), mas que o recebe com todas as honras devidas a um grande benfeitor, que provê 95% de suas necessidades energéticas. Putin usa os mongóis para desmoralizar o TPI, que o condenou à prisão por sequestro de crianças ucranianas e crimes contra a humanidade.
A Ucrânia está apostando no Palianytsia, nome de um pão tradicional que agora também designa uma arma secreta resultado do casamento de míssil com drone. O míssil-drone pode ir longe dentro da Rússia, o que não é permitido para mísseis de fabricação ocidental. O presidente Zelensky assegurou que o Palianytsia já está em uso, disparado do solo, ao custo de 1 milhão de dólares cada, embora estivesse previsto para entrar na guerra no outono do hemisfério norte.
Explicado o impasse em Gaza: “Netanyahu vota em Donald Trump”
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu vota em Donald Trump para presidente dos EUA como única forma de sobreviver no governo em Israel — concluiu o articulista Thomas Friedman, que foi correspondente do New York Times no Oriente Médio por muitos anos.
Assim, Friedman explica os obstáculos de Netanyahu que prolongam as negociações para cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza, e a insistência em manter tropas na fronteira de Gaza com o Egito, o impasse do Corredor Filadélfia.
O artigo de Friedman publicado nesta quarta-feira começa com um alerta para a vice-presidente Kamala Harris: “Senhora vice-presidente, não tenho dúvidas de que isso levará Netanyahu a fazer coisas nos próximos dois meses que poderão prejudicar seriamente suas chances de eleição e fortalecer Donald Trump”.
Quando presidente, Trump reconheceu a soberania israelense sobre as Colinas do Golã e Jerusalém, para onde transferiu a embaixada americana que ficava em Tel Aviv, e iniciou os Acordos de Abraão entre alguns países árabes e Israel. E o que Biden pretende é o que Netanyahu menos quer: a convivência lado a lado de palestinos e israelenses, chamada solução de dois estados.
“Se Netanyahu continuar a guerra em Gaza até a ‘vitória final’, com mais baixas civis, ele forçará Harris a criticá-lo publicamente e a perder votos judeus ou morder a língua e perder votos árabes e muçulmanos americanos no estado-chave de Michigan” — escreveu Friedman.
A conclusão: “Netanyahu vence, Trump vence, Israel perde. Gaza ainda estará em ebulição, é claro. Tropas israelenses ainda a ocuparão. Israel será mais um estado pária do que nunca, com cada vez mais israelenses talentosos partindo para empregos no exterior”.