O Crescimento do Setor Logístico no Brasil
O setor de logística é um dos motores mais dinâmicos da economia brasileira, refletindo diretamente o crescimento e a evolução do país. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil aumentou de 2,3% para 3,3% em 2023, e a expectativa para 2024 é de um crescimento adicional de 2%. Esse cenário positivo abre vastas possibilidades para o mercado logístico, que se expande a passos largos, impulsionado por uma demanda crescente por eficiência e inovação.
A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) estima que o setor privado deve investir R$ 124,3 bilhões em transporte e logística entre 2022 e 2026. Esse investimento maciço é um indicativo claro de que, apesar dos desafios, há uma confiança robusta no potencial de crescimento do setor. No entanto, investir em logística no Brasil não significa concorrer diretamente com os Correios. Há muito espaço para investir, já que as 10 maiores empresas do Brasil representam menos de 2% do potencial do mercado logístico brasileiro. Em comparação, nos Estados Unidos, as 10 maiores empresas somam 15% do mercado, e na Europa, 24%. Isso demonstra que o mercado brasileiro está subexplorado e oferece inúmeras oportunidades para novas empresas que queiram trazer soluções inovadoras e eficientes para o setor.
De olho neste mercado gigantesco, Vinicius Pessin se define como um “fazedor de empresas”, alguém que tem como maior fascínio tirar ideias do papel e transformá-las em realidades concretas. Ele é o que o mercado chama de empreendedor serial, com várias iniciativas bem-sucedidas em seu currículo. A Eu Entrego, sua terceira jornada empreendedora, nasceu da necessidade crescente de entregas rápidas no comércio eletrônico brasileiro. “O Brasil é um país de dimensões continentais, e o comércio eletrônico está deixando os consumidores mal acostumados a esperar entregas rápidas. Os modelos tradicionais de transporte simplesmente não conseguiam atender a essa demanda.”
A ideia da Eu Entrego surgiu em 2017, inspirada pela economia compartilhada e colaborativa, também conhecida como Gig Economy. A proposta era simples: usar uma plataforma tecnológica para conectar pessoas comuns, que dispõem de meios de transporte, a demandas de entregas oriundas do varejo e do e-commerce brasileiro. “Parece fazer muito sentido usar tecnologia para conectar essas pontas. E assim, a Eu Entrego nasceu,” disse Pessin.
Superando o Vale da Morte e Alcançando a Tração
O início da operação em 2017 foi marcado por uma fase de testes e aprendizados. Em 2018, a empresa enfrentou o que é conhecido no mundo das startups como “Vale da Morte”, um período crítico em que os empreendedores se perguntam diariamente se o negócio vai prosperar. Mas foi em 2019 que a Eu Entrego começou a ganhar tração, especialmente com a adoção do modelo Ship From Store, que permite que grandes varejistas possam vender online o estoque da loja física mais próxima do cliente.
“Esse modelo de negócio exigiu muita tecnologia, desde a visibilidade do estoque até a conexão com o consumidor. A logística, então, se tornou o maior desafio, pois a entrega precisava ser feita no mesmo dia, em algumas horas”, explicou Pessin. A tecnologia da Eu Entrego conecta o comércio eletrônico brasileiro a uma rede de entregadores autônomos que, através de um aplicativo, estão prontos para realizar as entregas de maneira rápida e eficiente.
Desafios Iniciais e a Construção de Confiança no Mercado
Um dos principais desafios enfrentados pela Eu Entrego no início foi convencer o mercado a adotar um modelo de transporte alternativo, sem regulamentação formal e seguro convencional, para realizar entregas valiosas. “Quando propusemos isso aos varejistas, a reação inicial foi de ceticismo. Como alguém entregaria a última milha da experiência do cliente a um modelo uberizado?”, relembra Pessin.
No entanto, o mercado brasileiro rapidamente percebeu que esse modelo já era consagrado em mercados como a China, Europa e Estados Unidos. “A pandemia de 2020 foi um divisor de águas, acelerando a adoção desse modelo. Crescemos 600% durante a pandemia, o que testou a escalabilidade da nossa tecnologia e operação”, afirmou o CEO. Em 2020, a Eu Entrego já estava operando em mais de 200 cidades, e hoje são quase 500 cidades em todo o Brasil, com cerca de 3 mil pontos de coleta.
A Tecnologia como Aliada no Setor Logístico
Com o fortalecimento da economia brasileira, o setor logístico está posicionado para um crescimento exponencial, mas também enfrenta desafios significativos. Entre os principais obstáculos está a infraestrutura tecnológica, uma questão crítica identificada por 67% dos líderes brasileiros de supply chain, segundo o estudo “Own Your Transformation”, realizado pelo IMB IBV (Institute for Business Value). Esse percentual é o maior entre os mais de 35 países que participaram da pesquisa, destacando a urgência da modernização tecnológica para a competitividade do setor no Brasil.
As soluções matemáticas e tecnológicas desempenham um papel crucial na superação desses desafios. A aplicação de big data, inteligência artificial e machine learning no planejamento e execução logística pode otimizar rotas, prever demandas com maior precisão, e reduzir custos operacionais. Além disso, a automação e a utilização de veículos autônomos estão transformando a forma como as mercadorias são transportadas, tornando o processo mais rápido e eficiente.
A base tecnológica da Eu Entrego é o que permite à empresa escalar sua operação e atender à demanda crescente do mercado. Desde o onboarding dos entregadores até a gestão das entregas, tudo é permeado por tecnologia de ponta. O processo de captação de entregadores, por exemplo, é altamente automatizado, utilizando geolocalização, validação de documentos e algoritmos avançados para garantir a eficiência e segurança do processo.
“O uso de inteligência artificial desde 2017 nos permitiu operar de maneira eficiente e escalável. Nossa plataforma detecta a demanda em uma região e, em seguida, dispara campanhas de marketing para captar novos entregadores. Esse processo é todo automatizado e sem a necessidade de presença física dos nossos times locais”, explicou Pessin.
Projeções para o Mercado Mundial e Brasileiro
A dimensão do mercado logístico global também reflete seu potencial de crescimento. A Transparency Market Research projeta que o mercado de logística mundial deve atingir US$ 15.273 bilhões até 2027, um valor impressionante que sublinha a importância estratégica do setor. No Brasil, o cenário é igualmente promissor: segundo um levantamento realizado pela MCC-ENET, o setor de logística pode crescer mais 50% até 2024. Esses números mostram que, apesar dos desafios, o Brasil tem um mercado em expansão com inúmeras oportunidades para novos investimentos e inovações.
Desafios e Oportunidades de Investimento no Brasil
Apesar do crescimento, o setor logístico brasileiro ainda enfrenta inúmeros gargalos. O Brasil ocupa a 56ª posição no ranking Logistics Performance Index (LPI) do Banco Mundial, o que evidencia a necessidade de melhorias em áreas como infraestrutura, regulação e eficiência operacional. No entanto, essas dificuldades também representam oportunidades para empresas que desejam investir no país. A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) estima que o setor privado deve investir R$ 124,3 bilhões em transporte e logística entre 2022 e 2026, criando um ambiente fértil para inovação e expansão.
Uma área particularmente promissora é a diversificação dos serviços logísticos. Atualmente, as 10 maiores empresas do Brasil representam menos de 2% do potencial do mercado logístico, contrastando com os Estados Unidos, onde as 10 maiores empresas somam 15% do mercado, e com a Europa, onde essa participação é de 24%. Isso mostra que o mercado brasileiro está subexplorado e tem muito espaço para novas empresas que queiram trazer soluções inovadoras e eficientes para o setor.
A Importância da Infraestrutura Tecnológica
A infraestrutura tecnológica é a espinha dorsal do setor logístico moderno. Segundo o estudo “Own Your Transformation” do IMB IBV, 67% dos líderes brasileiros de supply chain apontam a infraestrutura de tecnologia como o principal desafio para as empresas nos próximos dois a três anos. Este dado, que representa a maior preocupação entre os mais de 35 países pesquisados, destaca a urgência de investimentos em tecnologia para aumentar a eficiência e a competitividade das operações logísticas no Brasil.
A Eu Entrego tem se posicionado na vanguarda dessa transformação tecnológica. A empresa investe continuamente em tecnologias avançadas para otimizar suas operações, melhorar a experiência do cliente e garantir a sustentabilidade de seus serviços. A utilização de inteligência artificial e machine learning permite à Eu Entrego prever demandas, otimizar rotas de entrega e gerenciar eficientemente sua vasta rede de entregadores autônomos.
O Papel da Eu Entrego na Economia Compartilhada
A Eu Entrego é um exemplo claro de como a economia compartilhada pode ser aplicada ao setor logístico. Ao conectar varejistas a entregadores autônomos, a empresa não apenas cria uma rede eficiente de entregas, mas também oferece oportunidades econômicas para milhares de pessoas. Os entregadores autônomos, que podem usar carros, motos ou bicicletas, encontram na plataforma da Eu Entrego uma fonte de renda complementar ou principal, dependendo de sua disponibilidade e preferência.
Essa abordagem colaborativa é particularmente relevante em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde a eficiência das entregas pode variar significativamente entre as grandes cidades e as regiões mais remotas. A flexibilidade oferecida pela Eu Entrego permite que as entregas sejam realizadas de maneira ágil e eficiente, independentemente da localização, garantindo que os consumidores recebam seus produtos no prazo prometido, o que é crucial para a satisfação do cliente e a fidelização.
Além disso, a Eu Entrego não apenas conecta entregadores a varejistas, mas também atua como um facilitador de inclusão digital e econômica. Em muitas regiões do Brasil, a plataforma oferece a primeira oportunidade para pessoas sem acesso a empregos formais de se inserirem no mercado de trabalho. Ao fornecer treinamento e suporte tecnológico, a Eu Entrego capacita esses indivíduos a se tornarem microempreendedores, contribuindo para a redução das desigualdades sociais e econômicas no país.
A Sustentabilidade no Setor Logístico
Outro aspecto fundamental para o futuro do setor logístico é a sustentabilidade. Com o aumento das preocupações ambientais, as empresas estão cada vez mais focadas em reduzir suas pegadas de carbono e adotar práticas mais sustentáveis. No setor de logística, isso significa otimizar rotas para reduzir o consumo de combustível, investir em veículos elétricos ou híbridos e adotar tecnologias que minimizem o impacto ambiental das operações.
A Eu Entrego está comprometida com a sustentabilidade e vem implementando iniciativas que visam diminuir o impacto ambiental das suas operações. A empresa está explorando o uso de bicicletas elétricas em grandes centros urbanos, além de otimizar suas rotas de entrega para reduzir a emissão de gases poluentes. “A sustentabilidade é uma parte essencial da nossa estratégia de longo prazo. Estamos constantemente buscando maneiras de tornar nossas operações mais verdes e eficientes”, afirma Pessin.
Além das iniciativas internas, a Eu Entrego também incentiva seus parceiros a adotarem práticas sustentáveis. Por exemplo, a empresa oferece suporte e orientação para que os entregadores autônomos possam migrar para veículos mais eficientes do ponto de vista energético, o que não apenas reduz o impacto ambiental, mas também pode resultar em economia de custos para os entregadores.
O Futuro do Setor Logístico no Brasil
O futuro do setor logístico no Brasil é promissor, mas também repleto de desafios. O crescimento econômico e o aumento do comércio eletrônico continuarão a impulsionar a demanda por serviços logísticos mais rápidos, eficientes e sustentáveis. As empresas que conseguirem se adaptar às mudanças tecnológicas e às expectativas dos consumidores estarão bem posicionadas para liderar esse mercado em expansão.
A Eu Entrego, com seu modelo de economia compartilhada, base tecnológica robusta e compromisso com a sustentabilidade, está bem posicionada para enfrentar esses desafios e continuar crescendo no competitivo mercado logístico brasileiro. À medida que a empresa expande sua presença para mais cidades e regiões, a expectativa é que ela continue a inovar e a redefinir os padrões de eficiência e sustentabilidade no setor.
Em resumo, o setor logístico no Brasil está em uma encruzilhada. De um lado, há um mercado em expansão e cheio de oportunidades; do outro, há desafios significativos que precisam ser superados para que o país possa competir em pé de igualdade com outros mercados globais. A inovação, a tecnologia e a sustentabilidade serão os pilares que sustentarão o crescimento e a transformação desse setor vital para a economia brasileira. Empresas como a Eu Entrego, que estão na vanguarda dessas tendências, serão fundamentais para moldar o futuro da logística no Brasil.