Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a polícia científica do estado, detectaram a octodrina, uma substância semelhante à anfetamina, em 10 amostras de três marcas diferentes de cigarros eletrônicos, conhecidos também como vape.
“A octodrina é um tipo dessa substância. Existe uma grande diversidade de substâncias no grupo das anfetaminas. O fato é que todas agem de forma semelhante no sistema nervoso central: deixando o indivíduo mais agitado, mais animado, mais excitado. Por outro lado, também pode causar dano no coração”, explica a pesquisadora e professora da Federal de
Santa Catarina, Camila Marchioni.
A polícia e os pesquisadores explicaram que nenhuma das embalagens de cigarros eletrônicos analisadas tinha uma descrição da presença da droga, ou seja, as pessoas não sabiam o que estavam consumindo.
O resultado do estudo é preliminar, explicaram os pesquisadores, já que é necessário identificar a quantidade de octodrina presente nos cigarros eletrônicos. A suspeita é de que os vapes tenham uma quantidade significativa dessa substância, visto que ela foi identificada nos testes.
Como os vapes não são submetidos a um controle de qualidade, eles podem conter muito mais substâncias tóxicas. “Esses dispositivos chegam de forma ilegal, portanto, não há nenhum tipo de controle de qualidade. Não há nenhum rigor que controle o que pode e o que não pode ter ali dentro. Então, pode ter outras substâncias que não estão descritas no rótulo, como é o caso da octodrina que encontramos, ou pode ter também elevadas concentrações de nicotina”.
Além da octodrina, os cigarros eletrônicos podem conter glicerol, propilenoglicol, formaldeído, acetaldeído, acroleína, acetona e nicotina, que são substâncias tóxicas e cancerígenas.
No Brasil, os vapes são proibidos, porém, eles entram ilegalmente pelas fronteiras e movimentam um grande mercado, segundo a polícia. De acordo com pesquisas mais recentes, mesmo com a proibição, há 2 milhões de usuários dos cigarros eletrônicos no país.