As mulheres que trabalham no setor privado no Brasil receberam, em média, 20,9% a menos que os homens em 2024. O dado faz parte do 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade Salarial, divulgado nesta segunda-feira (7), pelos Ministérios da Mulher e do Trabalho. Atualmente, a remuneração média dos homens no mercado formal é de R$ 4.745,53, enquanto a das mulheres é de R$ 3.755,01.
Caso houvesse equidade salarial, R$ 95 bilhões seriam injetados na economia neste ano, segundo o estudo. A desigualdade se manteve estável em relação aos anos anteriores, onde, em 2023, a diferença era de 20,7%, e em 2022, de 19,4%.
A desigualdade salarial é ainda maior em cargos de liderança. Em posições de diretoria e gerência, as mulheres recebem 26,8% a menos que os homens. Entre profissionais com diploma universitário, a diferença chega a 31,5%.
A situação é ainda mais grave para mulheres negras, que têm o menor salário entre os grupos analisados. Elas recebem, em média, R$ 2.864,39, enquanto homens negros ganham R$ 3.647,97. A maior disparidade ocorre entre mulheres negras e homens não negros: 110,6%.
Apesar da desigualdade persistente, houve avanços na participação feminina no mercado de trabalho. O número de mulheres empregadas subiu de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões em 2024, um aumento de mais de 6 milhões. No mesmo período, o número de homens empregados cresceu em 5,5 milhões, totalizando 53,5 milhões.
Sancionada em julho de 2023, a Lei da Igualdade Salarial garante remuneração igual para trabalho de igual valor e impõe medidas rigorosas de transparência e fiscalização. Empresas com mais de 100 funcionários devem adotar políticas de equidade, como relatórios salariais, canais de denúncia e programas de inclusão. Atualmente, 56,1% das empresas possuem planos de cargos e salários estruturados, o que pode reduzir a desigualdade no longo prazo.