A ideia de prender imigrantes ilegais em Guantánamo, Cuba, foi recebida com afronta pelo jornal cubano Granma: “Prisão para ‘ilegais’ em uma base ilegal em solo estrangeiro”.
O presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez reagiu escrevendo na plataforma X: “Em um ato de brutalidade, o novo governo dos EUA anuncia o encarceramento, na Base Naval em Guantánamo, localizada em território de Cuba ilegalmente ocupado, de milhares de imigrantes que expulsa à força, os quais ficarão próximos às famosas ‘prisões de tortura e detenção ilegal’”.
O jornal acrescenta: “Embora nenhuma de suas decisões controversas tenha causado muito espanto (por vir de onde elas vêm), ainda é ultrajante que agora pretenda transformar o território – que, como o mundo inteiro sabe, não lhes pertence – em parte de sua estratégia para tirar dos Estados Unidos milhares de pessoas que pisaram naquele país em busca do chamado sonho americano”.
O Granma lembra que as inúmeras promessas estadunidenses de fechar o presídio “ficaram apenas em palavras e, obviamente, não será agora que o farão”. E conclui: “A verdade é que, sob o pretexto político-eleitoral de uma ‘limpeza de pessoas ilegais que invadiram o solo que não lhes pertence’, os defensores da ‘liberdade e dos direitos humanos’ buscaram uma saída tão horrenda quanto irônica para a crise que criaram, ao transferir milhares de seus deportados para aquele canto de terra cubana que os EUA usurparam, em sua descarada condição de governo estrangeiro ilegal, que invadiu o solo que não lhe pertence”.
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Novo show com reféns em Gaza
Uma caótica libertação de reféns israelenses e tailandeses em Gaza foi punida com o atraso na entrega de 110 prisioneiros palestinos por Israel, obrigados a sair dos ônibus em que já estavam sentados.
Os mediadores do Catar, Egito e EUA obtiveram garantias de que as cenas de caos não se repetirão mais. E os ônibus com os prisioneiros seguiram para a Cisjordânia e Gaza, onde são deixados os que foram condenados à prisão perpétua. Este grupo segue para o Egito — e de lá muitos serão deportados para países árabes que os aceitarem.
Cada uma das três trocas de reféns por prisioneiros palestinos, até agora, foi usada para um show de força do Hamas, com os seus soldados vestindo uniformes que parecem novos e armados com fuzis automáticos. Eles abrem caminho por uma multidão até um palco, onde exibem os reféns como troféus, à frente de cartazes em que comemoram a vitória sobre Israel. Na verdade, o que querem demonstrar é que continuam no comando de Gaza.
A soldada Agam Berger, 20, Gadi Mozes, 80, Arbel Yehoud, 29, e os tailandeses Thenna Pongsak, Sathian Suwannakham, Sriaoun Watchara, Seathao Bannawat e Rumnao Surasak, trabalhadores agrícolas em Israel, passaram 482 dias reféns do Hamas e da Jihad Isalâmica Palestina.
A embaixadora da Tailândia em Israel, Panba Chandraramiya, disse ao presidente Isaac Herzog que “hoje é um dos dias mais felizes da minha vida”. Restam ainda um tailandês refém e dois corpos dos 31 que foram sequestrados em 7 de outubro de 2023. Os tailandeses substituíram os trabalhadores palestinos nos campos agrícolas israelenses ao lado de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores Gideon Saar telefonou para seu colega tailandês Maris Sangiampongsa para informar que todos os reféns libertados nesta quinta-feira “estão em boas condições de saúde” e passarão por exames em hospitais israelenses. O chanceler tailandês deverá chegar a Israel nesse fim de semana.
O enviado especial de Trump ao Oriente Médio, Steve Witkof, que estava em Tel-Aviv nesta quinta-feira, informou que “um refém americano (deverá ser libertado amanhã”. Mas não há troca programada para sexta-feira, e sim para o sábado. Ele deve estar confuso com o fuso horário, tendo voado de Washington para Riad, na Arábia Saudita, e depois para Jerusalém. Três israelenses-americanos reféns que se acredita vivos são Keith Siegel, Sagui Dekel-Chen e Edan Alexander, a serem libertados nas próximas rodadas.
Witkof foi conhecer os corredores Netzarim e Filadélfia, em Gaza, na quarta-feira. Ele está em missão de garantir a segunda-fase do acordo de cessar-fogo, que pode representar o fim da coligação de Netanyahu no Parlamento, e já lançar as bases de um acordo mais amplo de paz no Oriente Médio, que começa por uma solução à questão palestina. Um balão de ensaio do presidente Trump foi rejeitado pelo mundo árabe com unanimidade: a transferência dos palestinos de Gaza para o Egito e a Jordânia.
Na quarta-feira, Trump e Netanyahu têm encontro marcado em Washington, e vão explorar ideias para além da manutenção da segunda-fase do acordo — que, se prosseguir, mais um ministro da extrema direita prometeu renunciar, Bezalel Smotrich. Se a oposição não socorrer Netanyahu, o governo não conseguirá aprovar o orçamento de 2025, em março, e terá que convocar eleições antecipadas em Israel.