Moises Rabinovici: Líbano e Israel: paz à vista?

A esperança de normalização de relações entre o Líbano e Israel, a partir de uma reunião em Nakura, no sul libanês
Foto: exército israelense

A esperança de normalização de relações entre o Líbano e Israel, a partir de uma reunião em Nakura, no sul libanês, ontem, entre militares dos dois países mais a França e os Estados Unidos, é o destaque da imprensa israelense desta quarta-feira.

No Líbano, a notícia foi minimizada e circunscrita a negociações para resolver problemas de fronteira. Em um gesto de boa vontade, Israel libertou cinco prisioneiros libaneses, antes da reunião em Nakura, sede da UNIFIL, as forças de paz da ONU.

A última vez em que houve uma normalização de relações entre Líbano e Israel foi em 1982, ao final da invasão de tropas israelenses à uma capital árabe, Beirute, pela primeira vez. Antes de ordenar a retirada, assim que o líder da OLP, Yasser Arafat, partiu para o exílio, o então primeiro-ministro Menachem Beguin e o ministro da Defesa Ariel Sharon deixaram um presidente, o cristão de direita Bashir Gemayel, para ser empossado.

Um carro-bomba explodiu na sede da Falange Libanesa, onde Bashir discursava para as Forças Libanesas, e o matou. Israel apoiava e protegia os maronitas libaneses, e os usava como guardiães de sua fronteira. Algum tempo depois, o irmão Amin Gemayel assumiu a presidência do Líbano, até 1988.

Mais uma reunião como a de Nakura foi marcada para abril. “O objetivo é a normalização entre os dois países”, dizem os israelenses, embora na pauta venha explicado que serão negociações para corrigir problemas de fronteira. O presidente Donald Trump acrescentou que grupos de trabalho deverão tratar ainda de 11 prisioneiros libaneses em Israel e da presença de soldados israelenses no sul libanês.

“As relações com Israel não estão à mesa”, informou o canal de televisão pró-iraniano Al-Mayadeen. Os grupos de trabalho terão por limite a Resolução 1701, do Conselho de Segurança da ONU, segundo a qual o sul libanês só poderá ter tropas do Líbano. Sem o Hezbollah, e agora eleitos o presidente e o primeiro-ministro do Líbano, a soberania libanesa deve ser restaurada em todo o país.

O assessor de Trump para o Oriente Médio, Massad Boulos, disse no domingo, em Washington: “Em Israel, no Líbano e em toda a região… estamos ansiosos pela paz e almejamos a paz. Pela graça de Deus, esperamos que isso seja alcançado em breve. ”

*Esse texto não reflete necessariamente a opinião da BandNews TV