Moisés Rabinovici: Gaza volta à rotina, depois do Plano Trump

Neste sábado (8), Palestina vai liberar três reféns israelenses por 183 prisioneiros
Reprodução: Band.com

Israelenses e palestinos vão trocar três reféns por 183 prisioneiros, neste sábado, levando adiante o plano de cessar-fogo de seis semanas que não se sabe se será estendido por mais seis semanas, depois que o presidente Donald Trump avistou uma Riviera do Oriente Médio nas ruinas de Gaza, com seus dois milhões de habitantes transferidos para países árabes vizinhos.

Entre os 183 prisioneiros, 18 são condenados à prisão perpétua, 54 sentenciados a longas penas, e 111 detidos durante a guerra de 16 meses. Os reféns são Eli Sharabi, 52, que perdeu a mulher e filhas na invasão do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, e o irmão Yossi, morto no cativeiro; Or Levy, 34, cuja esposa e filho de três anos foram assassinados; e Ben Ami, 56, que vai reencontrar a esposa sequestrada e libertada antes dele.

A miragem de Trump do oásis que ele batizou de Riviera do Oriente Médio no deserto do Sinai, rejeitada e ridicularizada mundo afora, teve um mérito que começa a ser reconhecido aos poucos: o de apontar uma alternativa, mesmo inexequível, para a questão Palestina. O que se começa a perguntar em editoriais de jornais, um deles o Wall Street Journal, e entre políticos e diplomatas, é por que os 23 países árabes do Norte da África e da Ásia Ocidental, não fazem nada pelos palestinos, a não ser dar dinheiro e armas, alimentando o círculo vicioso de uma guerra interminável.

O exército israelense preparou um plano para permitir que palestinos deixem Gaza, voluntariamente: os que quiserem sair de avião, poderão usar o aeroporto de Ramon, perto do balneário de Eilat, e para quem quiser navio, o porto de Ashdot. As fronteiras terrestres com a Jordânia e o Egito estão fechadas.

As negociações para a segunda fase do acordo de cessar-fogo deveriam começar em Washington, entre o primeiro-ministro Netanyahu e o enviado especial da Casa Branca ao Oriente Médio, Steve Witkoff. Os dois se encontraram, mas nada foi comunicado aos negociadores do Egito, Israel, Catar e Estados Unidos, que não se reuniram. Na próxima semana, o visitante da Casa Branca será o rei Abdullah, da Jordânia, com quem Donald Trump deve continuar a conversa que chocou o mundo, iniciada com Netanyahu, na terça-feira. O presidente do Egito deverá concluir a sequência de líderes envolvidos com uma solução para a crise resultado da guerra em Gaza.