“A bola está com a Rússia”, dizem o presidente Trump e os negociadores do cessar-fogo na guerra da Ucrânia. Mas o presidente russo Vladimir Putin não a chutou, nem indicou que a chutará. Ele emudeceu.
Para Putin, aceitar o acordo de 30 dias de cessar-fogo, já aceito por Volodymyr Zelensky, dá-lhe mais simpatia e favores de Donald Trump. E só, o que já é muito, se o livrar de algumas sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos. Na guerra, ele está agora avançando e não seria o melhor momento para uma trégua.
A Rússia informa que vai chutar a “bola” quando souber dos detalhes do acordo. Mas o Kremlin os recebeu, antes que fossem apresentados a Zelensky. O diretor da C.I.A., John Ratcliffe, conversou com seu colega russo, Sergei Naryshkin, antes da negociação do cessar-f0go na Arábia Saudita. Por que o silêncio? Como explicou um senador russo, o que Putin quer é um acordo sob termos ditados por ele, e não pelos Estados Unidos. E gostaria que o presidente Trump lhe telefonasse de novo.
A resposta esperada de Putin seria esta: “aceito o acordo, se …” E seguirão novas exigências. Os Estados Unidos estão enviando emissários a Moscou para repor a “bola” em jogo. A Rússia não quer o acordo, mas não despreza os favores de um Trump agradecido – ele que espera merecer o Prêmio Nobel da Paz deste ano. O “inimigo” expulso da Casa Branca foi reabilitado e convidado a uma nova visita, em menos de uma semana. Zelensky ainda ganhou de volta as informações da inteligência militar americana sobre a guerra, captadas por satélites espiões. E ajuda militar.
Um acordo depois dos 30 dias de trégua será mais complicado. Putin e Trump esperam a queda de Zelensky em eleições na Ucrânia. Já Zelensky, se ainda no poder, quer usar a conquista de território na região russa de Kursk para troca por território ucraniano conquistado pela Rússia, o que Putin já declarou que não aceita.
A Europa saudou, aliviada, o acordo aprovado pela Ucrânia. Os líderes da União Europeia, António Costa e Ursula von der Leyen, repetiram a declaração do secretário de Estado Marco Rúbio: “A bola agora está no campo da Rússia”.
*Esse texto não reflete necessariamente a opinião da BandNews TV