O Brasil, um país conhecido por sua rica biodiversidade e potencial agrícola, está se posicionando como um líder emergente no cenário global de inovação e tecnologia. Este avanço significativo é impulsionado, em grande parte, pelo investimento público estratégico em startups e empresas inovadoras, marcando uma nova era para o ecossistema empreendedor brasileiro.
Historicamente, a ideia de investimento público direto em empresas privadas, especialmente startups, era algo pouco considerado. No entanto, essa realidade vem mudando significativamente nos últimos anos. Instituições como a FINEP e as fundações estaduais de amparo à pesquisa, como a FAPESP em São Paulo, FAPERJ no Rio de Janeiro, e a FUNDECT no Mato Grosso do Sul, exemplificam bem essa transformação. Estas entidades, além de fomentarem a pesquisa, têm se dedicado a investir em tecnologia e inovação, atuando, em alguns casos, como investidores-anjo, proporcionando um suporte vital para o nascimento e crescimento de startups.
O processo de seleção desses investimentos é criterioso, visando não apenas o potencial de retorno financeiro, mas também o impacto social e no mercado que essas startups podem gerar. Isso reflete uma mudança significativa na abordagem do investimento público, que agora busca equilibrar ganhos econômicos com benefícios sociais.
Márcio Pereira, diretor-presidente da FUNDEC (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) e vice-presidente do CONFAP, compartilha sua visão e experiência
Nos últimos anos, o governo brasileiro reformulou sua abordagem em relação ao apoio à inovação “Existe um campo hoje de investimento público em startups e empresas por meio de subvenção econômica, que não tinha isso há 10 anos”, afirma Pereira. Essa mudança de paradigma inclui a atuação do setor público como investidor anjo, uma prática que era praticamente inexistente na última década.
O Papel do Mato Grosso do Sul
O Mato Grosso do Sul emerge como um exemplo de sucesso nesse novo cenário. Com investimentos focados em ambientes de inovação e a criação de um ecossistema favorável ao desenvolvimento de startups, o estado demonstra como políticas públicas bem-estruturadas podem impulsionar o crescimento econômico e tecnológico. “Lá nós investimos em ambiente de inovação primeiro, porque tem que ter ambiente de inovação”, explica Pereira, ressaltando a importância de criar espaços que fomentem a criatividade e o empreendedorismo.
Recentemente a FUNDECT lançou um edital de 5 milhões de reais para fortalecer esse ambiente de inovação. “Nós já temos nosso… um grupo de empresas, 150 a 200, que já são acompanhadas por nós, recebem recursos da nossa fundação. A gente quer ampliar para mais ainda”, diz Pereira
Conexão com a Academia e Impacto Social
A necessidade de conectar a pesquisa acadêmica com o mercado e a sociedade é outro ponto enfatizado por Pereira. Inspirado por sua visita à Universidade de Bolonha, na Itália, ele destaca: “Tudo que é investido aqui, tem que gerar impacto no mercado ou na sociedade. Nada fica engavetado”. Essa visão ressalta a importância de transformar o conhecimento gerado nas universidades em soluções aplicáveis que atendam às necessidades reais da população, um princípio que está gradualmente sendo incorporado no Brasil.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos progressos, o Brasil ainda enfrenta o desafio de reter seus talentos. “O Brasil tem um talento muito grande, desperdiçar seus talentos”, lamenta Pereira, apontando para a necessidade urgente de criar um ambiente que incentive os inovadores a permanecerem no país. A fuga de cérebros é uma preocupação constante, mas com políticas adequadas e investimentos contínuos em inovação, o Brasil tem a oportunidade de reverter esse quadro.
Um Futuro Promissor para a Inovação no Brasil
Olhando para o futuro, Pereira é otimista quanto ao potencial do Brasil de se tornar uma potência global em inovação e tecnologia, especialmente em setores como agroindústria e energia renovável. “Nenhum país está tão bem posicionado quanto o nosso”, ele afirma, destacando o potencial único do Brasil. O Mato Grosso do Sul, com sua liderança em crescimento do PIB do agro e projetos inovadores como a rota bioceânica, exemplifica como o investimento público em inovação pode desencadear um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico e tecnológico.
