A Justiça de São Paulo aceitou uma denúncia do Ministério Público e transformou o influenciador Pablo Marçal (PRTB) em réu por colocar em risco a vida de 32 pessoas durante uma trilha no Pico dos Marins, em janeiro de 2022, no interior paulista.
Segundo a acusação, Marçal liderou o grupo até o topo da montanha, localizada na Serra da Mantiqueira, mesmo com chuva, ventos fortes e baixa visibilidade. Ninguém usava os equipamentos adequados para esse tipo de subida, e o grupo precisou ser resgatado pelos bombeiros.
A decisão é da juíza Rafaela D’Assumpção Cardoso Glioche, da Comarca de Piquete. Para ela, há provas suficientes para abrir um processo criminal contra o influenciador. A denúncia do Ministério Público foi baseada em um inquérito policial reaberto em 2023, após a primeira investigação ser considerada falha e inconclusiva.
Durante a apuração, investigadores reuniram relatos e vídeos que mostram Marçal incentivando o grupo a continuar a trilha, mesmo com o tempo piorando. Um desses registros mostra o coach dizendo para ninguém desistir da subida, o que foi interpretado pelo MP como incentivo irresponsável em uma situação de risco.
Apesar disso, 13 participantes da expedição prestaram depoimento afirmando que a decisão de seguir foi coletiva e que Marçal não os obrigou a nada. Ainda assim, os promotores alegam que ele assumiu uma posição de liderança e que isso influência diretamente a conduta do grupo em situações como essa.
A defesa de Marçal afirma que não há provas que o apontem como responsável pela organização do evento e que ele está sendo alvo de perseguição por ser uma figura pública. O advogado do influenciador, Tassio Renam, disse que Marçal recusou um acordo com o Ministério Público por acreditar que não cometeu crime. “Confiamos na Justiça e esperamos uma decisão justa e imparcial”, afirmou.
O caso ganhou repercussão nacional depois que o tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, criticou a expedição nas redes sociais, chamando a atitude de Marçal de irresponsável. Desde então, a Justiça proibiu o influenciador de organizar ou liderar qualquer atividade em montanhas, rios, lagos ou locais similares sem autorização da Polícia Militar.
Laura Basílio sob supervisão de Júlia Alves.