Aposentados que vivem em zonas rurais representam 67% das vítimas de descontos indevidos em benefícios pagos pelo INSS, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). A maioria desse grupo é formada por idosos em situação de vulnerabilidade social, com acesso limitado à internet, dificuldade de locomoção e pouco conhecimento sobre os próprios direitos.
As perdas entre os moradores da zona rural ultrapassam R$ 2,87 bilhões. Já os beneficiários de áreas urbanas, que somam 33% das vítimas, acumulam um prejuízo estimado em R$ 1,41 bilhão. A Polícia Federal aponta que a fragilidade do sistema de controle do INSS facilitou a atuação de terceiros que coletaram documentos e autorizações para descontos sem o devido esclarecimento.
As fraudes foram concentradas em 186 municípios, em sua maioria de pequeno porte e localizados no Nordeste. Nessas cidades, pelo menos metade dos aposentados sofreu com os descontos. Em 19 delas, principalmente no Maranhão e no Piauí, o número passou de 60%.
Entre as vítimas identificadas estão, além de aposentados da zona rural, pessoas com deficiência, doenças graves, indígenas e analfabetos. Técnicos da CGU realizaram entrevistas presenciais com beneficiários ou representantes para mapear o alcance das irregularidades. Segundo o relatório, os fraudadores direcionaram suas ações a pessoas com pouco ou nenhum acesso a canais digitais e dificuldade para se locomover até uma agência do INSS.
