A Polícia Federal intimou o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Luiz Fernando Corrêa, para prestar depoimento nesta quinta-feira (17), em inquérito que investiga um esquema de espionagem ilegal.
A investigação leva dois pontos principais — a obstrução por parte da atual gestão à investigação sobre espionagem ilegal durante o governo Bolsonaro, nomeada de “Abin paralela”, e aval para monitoramento de autoridades paraguaias.
Além de Corrêa, outra pessoa ligada ao presidente Lula, Andrei Rodrigues, atual diretor da Polícia Federal, chefiou a segurança do presidente na campanha de 2022, deve prestar depoimento. O ex-número 2 do órgão, Alessandro Moretti, deverá comparecer à delegacia na quinta-feira. Moretti foi exonerado do cargo em janeiro do ano passado. Ele não ocupava a função na gestão Bolsonaro.
Em nota, a Abin informou que “está à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos, seja no âmbito administrativo, civil ou criminal, sobre os fatos relatados na imprensa e que remetem a decisões tomadas em gestão anterior da Agência.”
Sobre a Abin Paralela
A investigação apura se policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar pessoas e autoridades públicas, invadindo celulares e computadores sem autorização judicial. Segundo os policiais, a ferramenta chamada FirstMile foi utilizada para monitorar pessoas consideradas “inimigas” de Bolsonaro. A investigação, que deveria ter sido concluída no final de 2024, ainda está em andamento.
Sistemas do Paraguai
Um funcionário da Abin afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que a atual gestão do órgão teria mantido operações de invasão hacker a sistemas do governo do Paraguai e de autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu. Segundo o funcionário, o ataque começou ainda no governo Bolsonaro, mas continuou durante o governo Lula, com autorização sob o comando do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa.