Braga Netto nega envolvimento em trama golpista e pede liberdade ao STF

General prestou depoimento por videoconferência e refutou acusações sobre repasse de dinheiro, ataques a militares e financiamento de atos antidemocráticos

O general Walter Braga Netto negou nesta terça-feira (10) qualquer envolvimento em um plano para derrubar a ordem democrática no país. Preso no Rio de Janeiro, o ex-ministro da Defesa foi ouvido por videoconferência pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no encerramento da fase de depoimentos dos réus do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado. Ao final de seu interrogatório, a defesa pediu ao ministro Alexandre de Moraes a revogação da prisão preventiva, alegando o fim da fase de instrução processual e a ausência de riscos para a continuidade das investigações.

Durante o depoimento, Braga Netto afirmou que não autorizou ou participou de repasses de dinheiro a militares envolvidos com os chamados “kids pretos”, grupo apontado nas investigações como responsável por planejar o assassinato de autoridades caso o golpe fosse efetivado. Segundo delação de Mauro Cid, uma caixa de vinho teria sido utilizada para o transporte dos valores, mas o general disse que não solicitou recursos a empresários, nem entregou qualquer quantia a Cid. “Eu não tinha dinheiro, não tinha contato com empresários, eles estavam mais interessados no Bolsonaro”, declarou.

Braga Netto também negou a realização de uma reunião em sua casa para organizar o golpe, desmentindo trechos da delação de Mauro Cid. O general afirmou que nunca pediu dinheiro ao tenente-coronel, tampouco participou do financiamento de acampamentos em frente a quartéis. Sobre supostas mensagens nas quais teria ordenado ataques a ex-comandantes militares que resistiram à ruptura institucional, Braga Netto disse não se lembrar do conteúdo e declarou que, se tivesse algo a dizer aos colegas de farda, faria isso pessoalmente.

No encerramento dos depoimentos, o relator do processo, Alexandre de Moraes, revogou a proibição de contato entre os réus. Braga Netto foi o último a prestar esclarecimentos no processo. Segundo a Procuradoria-Geral da República, ele teria coordenado ações para pressionar chefes militares a aderirem ao golpe, acusação que o general refuta categoricamente. “Jamais ordenei ou coordenei ataques a nenhum dos chefes militares”, afirmou. A expectativa é de que o julgamento dos réus ocorra no segundo semestre deste ano.

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