Forças israelenses mataram pelo menos 40 palestinos nesta terça-feira (24) em diferentes pontos da Faixa de Gaza, segundo médicos e fontes locais. Os ataques aconteceram horas depois do anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Irã, aumentando a frustração dos civis palestinos que esperavam por uma trégua.
Parte das mortes ocorreu em Nuseirat, no centro do território, onde centenas de pessoas tentavam alcançar um centro de distribuição de alimentos. O hospital Al-Awda recebeu 19 mortos e mais de 140 feridos. Segundo a equipe médica, todos atingidos por disparos.
O Exército de Israel disse que uma aglomeração foi identificada próxima à zona militar do Corredor Netzarim e que está apurando os relatos de vítimas civis. A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que organiza parte das entregas com apoio dos EUA, afirmou que não houve nenhum incidente perto do seu ponto de distribuição.
Outras 21 pessoas morreram em ataques registrados no sul e no norte da Faixa de Gaza. Dez em uma casa no bairro de Sabra, na capital, e onze em Khan Younis. Segundo Israel, grupos armados do Hamas usam áreas residenciais como escudo. O grupo nega.
A tensão cresceu após o anúncio do cessar-fogo entre Tel Aviv e Teerã, feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Palestinos viram no acordo uma chance de pausa também em Gaza, o que não aconteceu. “Todo mundo fez acordo. Só a gente que continua morrendo”, disse Adel Farouk, 62, morador da Cidade de Gaza, à Reuters. “O mundo inteiro virou as costas pra gente.”
Em vez de trégua, novos panfletos foram lançados por aviões israelenses ordenando a evacuação de áreas no norte. Moradores foram orientados a seguir para o sul do território. “Voltar é arriscar a própria vida”, dizia o texto.
As entregas de ajuda humanitária seguem concentradas em áreas protegidas por forças israelenses. A ONU critica o modelo, chama de arriscado e diz que ele fere princípios básicos de imparcialidade. “É uma armadilha mortal”, afirmou Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), em coletiva em Berlim.
Nos bastidores, o Hamas dá sinais de que pode retomar as negociações por um cessar-fogo. Fontes próximas ao grupo disseram à Reuters que há abertura para discutir propostas que levem à retirada de Israel de Gaza e ao fim da guerra. Israel, por outro lado, exige o desmonte total do Hamas. O grupo diz que não vai se desarmar, mas aceita discutir a libertação dos reféns.
A guerra teve início em 7 de outubro de 2023, quando paramilitares do Hamas atacaram o território israelense, matando 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns, segundo dados do governo de Israel. Desde então, os ataques aéreos e terrestres deixaram cerca de 56 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas.
Laura Basílio sob supervisão.