Os militares israelenses têm uma nova meta: atacar as instalações nucleares do Irã. Não é um segredo: a imprensa em Israel a publicou nesta quinta-feira.
O objetivo israelense de destruir a capacidade atômica do Irã é antiga. Mas, agora, as condições são propícias: Israel conquistou liberdade total nos céus da Síria, destruindo 86% dos sistemas de defesa russos instalados pelo ditador Bashar al-Assad, em bombardeios desde domingo.
“A matriz da defesa aérea síria era uma das mais fortes do Oriente Médio”, comentou um militar à imprensa.
A Força Aérea israelense destruiu 27 caças e 24 helicópteros sírios, 47 radares, 80% das baterias aéreas SA-22, de curto e médio alcance, e 90% dos SA-17, de médio alcance. Toda a frota naval foi dizimada.
Por mais de uma década, os caças de Israel evadiam o poderio antiaéreo sírio para atacar caminhões transferindo armas iranianas para o Hezbollah no Líbano. Agora drones podem sobrevoar a Síria sem que sejam abatidos. E a rota está aberta para o Irã.
Os jornais israelenses estão publicando que “As Forças de Defesa de Israel acreditam que, após o enfraquecimento dos grupos de procuração iranianos no Oriente Médio, e a queda dramática de Bashar al-Assad na Síria, há uma oportunidade de atacar as instalações nucleares do Irã”. E mais: a Força Aérea estaria se preparando para o caso de receber o sinal verde para decolar.
Sem seus aliados na Síria, no Líbano, o Hezbollah e as milícias xiitas espalhadas no Iraque e até no Iêmen, aos iranianos restaria completar suas armas atômicas, retardadas por assassinatos de cientistas, vírus de computador que paralisaram o refino de urânio, um acordo com a Europa e EUA depois denunciado no primeiro mandato do presidente Trump. Há indícios de que as centrífugas nas usinas do Irã voltaram a enriquecer urânio além do limite imposto pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O presidente Joe Biden impediu Israel de atacar o Irã-nuclear várias vezes. O presidente eleito Donald Trump talvez não: os serviços secretos americanos desarmaram um atentado iraniano para matá-lo, durante a campanha eleitoral, em que um outro, a tiros, atingiu-o de raspão na orelha.
O secretário de Estado Antony Blinken passou parte desta quinta-feira na Jordânia e depois foi para a Turquia. Ele está preocupado com armas químicas deixadas por al-Assad. Talvez seja só uma explicação para afastar a imprensa da verdadeira discussão com o rei Abdullah sobre uma eventual primavera árabe tardia em seu reino — um contágio da vizinha Síria.
Blinken disse que “os Estados Unidos apoiam uma transição inclusiva na Síria que possa levar a um governo sírio responsável e escolhido pelo povo” — contou seu porta-voz Matthew Miller, em Aqaba, no Mar Vermelho. Para o governo americano, o grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a derrubada de al-Assad, está mantido na lista de organizações terroristas.
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E agora? — pergunta a The Economist desta semana. “Depois de 53 anos no poder, a casa de Assad não deixou para trás nada além de ruína, corrupção e miséria. À medida que os rebeldes avançavam para Damasco em 8 de dezembro, o exército do regime derreteu no ar – havia ficado sem motivos para lutar por Bashar al-Assad. Mais tarde, os sírios empobrecidos por seu governo se engastaram em seus palácios abandonados. Pessoas quebradas emergiram piscando de suas prisões; alguns não conseguiam mais se lembrar de seus próprios nomes.”