O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (27) que o agronegócio brasileiro não deve ser visto como inimigo e destacou seu desejo de fortalecer o setor, mesmo diante das críticas internacionais recentes. A declaração faz referência às falas de Alexandre Bompard, diretor-executivo do Grupo Carrefour, e do deputado francês Vincent Trébuchet, que criticaram produtos brasileiros e se posicionaram contra a compra de carnes do Mercosul.
“Quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que hoje achincalhou os produtos brasileiros porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul nem tanto pela questão do dinheiro”, disse Lula, lembrando que acompanha as negociações há 22 anos. As críticas do deputado francês, que afirmou que “nossos pratos não são latas de lixo”, e do CEO do Carrefour, que questionou a qualidade das carnes brasileiras, ocorreram em meio a uma pressão para que o acordo comercial não seja firmado.
Para rejeitar o acordo, o país precisa reunir pelo menos quatro países europeus que, juntos, representem pelo menos 35% da população da União Europeia. Além dos franceses, os poloneses também declararam oposição ao texto. Existe a possibilidade de assinatura do acordo na próxima semana, em Montevidéu, no Uruguai.
O presidente ressaltou que a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) deve acontecer ainda este ano e que deve ser assinado diretamente pela Comissão Europeia, sem a interferência de vozes isoladas de parlamentares ou empresas de um único país. Enquanto isso, agricultores seguem se manifestando em várias cidades da França, pressionando o governo.
Impacto no setor
Após frigoríficos brasileiros suspenderem o fornecimento de carne ao Carrefour em represália, o diretor do grupo pediu desculpas na última terça-feira (26). Em resposta, o Ministério da Agricultura confirmou ter recebido a retratação e reiterou o compromisso em promover produtos brasileiros no mercado internacional.