Duas em cada dez mulheres brasileiras, ou 21% do total, relataram já terem sido ameaçadas de morte por parceiros ou ex-parceiros, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (25). O estudo Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio, realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Consulting do Brasil, também aponta que seis em cada dez brasileiras conhecem alguém que passou por essa situação. Mulheres negras (pretas e pardas) aparecem em maior proporção em ambos os casos.
A pesquisa indica que 60% das mulheres que sofreram ameaças romperam com os agressores após o episódio, com essa decisão sendo mais frequente entre as negras do que entre as brancas. Apesar disso, 42% das entrevistadas acreditam que as vítimas frequentemente subestimam o risco, achando que as ameaças não serão cumpridas.
Sobre o aumento dos casos de feminicídio, 60% das participantes atribuem o crescimento à impunidade dos agressores. A maioria, 90%, acredita que os homicídios de mulheres têm crescido nos últimos cinco anos. Ainda assim, 80% avaliam que a rede de atendimento existente, embora útil, é insuficiente para atender à demanda.
Outro dado relevante é que oito em cada dez mulheres consideram que as campanhas de estímulo à denúncia e o uso de redes sociais são estratégias importantes no enfrentamento à violência doméstica. No entanto, uma proporção idêntica expressa descrença na seriedade com que as ameaças são tratadas pela Justiça e pelas autoridades policiais.
O levantamento, que contou com o apoio do Ministério das Mulheres e entrevistou 1.353 mulheres maiores de idade, em outubro deste ano, por meio de questionários online.