Moises Rabinovici: É guerra ou não é? — eis a questão

Mais de cem líderes mundiais estão em Nova York para a anual Assembleia Geral da ONU, aberta nesta terça-feira com o discurso do presidente Lula. Dá para antecipar muitos apelos impotentes à paz em Israel-Líbano-Gaza e na Ucrânia-Rússia, porque o Conselho de Segurança não tem mecanismos para executar resoluções. “Não tem dentes”, como dizem diplomatas.
Há controvérsias sobre o que está acontecendo entre Israel e Hezbollah, com 600 mortos, dos quais 50 crianças, só num dia, ou entre Israel e Hamas, com mais de 40 mil mortos, incluindo milhares de crianças, em quase um ano. Há quem diga que, “Se continuar assim, uma guerra aberta poderá estalar na região”.
A manchete, num jornal desta terça-feira: “Cresce o medo de uma escalada”. E em outro: “Aumenta o conflito”.
O novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, comentou na segunda-feira, já na ONU, que “o Irã não quer uma guerra regional”; ou “não procura instabilidade” — e renovou a promessa de continuar armando o Hezbollah.
O Líbano não estará presente à Assembleia Geral. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu já adiou duas vezes a partida para New York, e está programado para discursar na sexta-feira. O porta-voz do Catar Majed Al-Ansari explicou no Concordia Summit, uma reunião paralela à da ONU: “Se nós não interviermos entre Hezbollah e Israel, todos nós, coletivamente, acabaremos testemunhando uma catástrofe ainda pior na região”. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky chegou aos EUA com um “plano de vitória”, desde que os países ocidentais que o armam o livrem das restrições de atacar o território russo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou-se seriamente preocupado com a situação mundial. Mas o seu “Pacto para o Futuro”, para dar força ao Conselho de Segurança, deverá ser boicotado no domingo pela Rússia, que tem direito a veto e não quer mudanças, e por seus fiéis parceiros: Irã, Síria, Venezuela e Bielorrússia.
A atriz Maryl Streep participou na segunda-feira de uma campanha que quer a inclusão de mulheres no Afeganistão, onde elas estão mais reprimidas sob o regime do Talibã. Matt Damon apareceu na reunião do (Hillary) Clinton Global Initiative. Até o príncipe Harry foi visto pelos corredores da Assembleia Geral.


Presidente do Irã encontra israelense. E não é preso

Um encontro inusitado, que no Irã dá cadeia sob a acusação de espionagem, ocorreu nesta terça-feira, entre o novo presidente iraniano Masoud Pezeshkiam e um professor de história e estudos judaicos da Universidade da Pensilvânia, Lior Sternfeld.
Depois do encontro, Sternfeld disse “esperar que o presidente iraniano seja capaz de liderar o Irã a um papel construtivo capaz de levar a paz ao Oriente Médio. ”
A imprensa iraniana acompanhando o presidente Pezeshkiam não noticiou o encontro. Israel é considerado um arqui-inimigo desde a revolução islâmica de 1979. Os desportistas do Irã são proibidos de competir com os israelenses. Mas Teerã abriga a maior comunidade judaica fora de Israel no Oriente Médio.
O professor Sternfeld está trabalhando num estudo sobre a diáspora judaico-iraniana nos Estados Unidos e Israel. Antes da revolução islâmica, Israel e Irã mantinham boas relações. Em sua página na Universidade da Pensilvânia, ele conta que “Meu primeiro livro, Between Iran and Zion: Jewish Histories of Twentieth-Century Iran (Stanford University Press, 2018), examina, tendo como pano de fundo o nacionalismo iraniano, o sionismo e o constitucionalismo, o desenvolvimento e a integração das comunidades judaicas no Irã nos projetos de construção da nação do século passado. ”

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