Moises Rabinovici: a economia de vidro da China

“A gigantesca economia da China enfrenta uma crise de confiança igualmente gigantesca – e um déficit crescente de informações precisas só está piorando a situação”, diz a
revista The Economist na sua edição internacional (a capa nacional são as pesadas caminhonetes e SUVs consideradas “assassinos”). A China também está lutando contra um crash imobiliário e o setor de serviços desacelerou em agosto, ameaçada de cometer alguns dos erros da União Soviética.

O pensador global israelense Yuval Noah Harari está na crista da onda nesta semana. Entrevistas com ele e artigos dele foram publicados mundo afora, e aqui no Brasil, pela Folha. Ele lançou um novo livro, Nexus, sobre o futuro aterrador com a Inteligência Artificial. Hoje ele está na capa da revista alemã Stern. Seus livros traduzidos para o português: Sapiens, Homo Deus e 21 Lições para o Século 21.

“Ultraje” “Até quando?” “Aprovado por Marine Le Pen”. “E no fim, Barnier”.
Não se pode dizer que a escolha do presidente Emmanuel Macron para primeiro-ministro foi bem recebida na França. Ao contrário. Conservador, veterano, negociador do Brexit com o Reino Unido, Michel Barnier respondeu aos críticos: “Vamos mais agir do que falar”.


OS 100 MAIS INFLUENTES EM IA

A revista Time selecionou as 100 pessoas mais influentes em Inteligência Artificial. Entre eles estão, na categoria “fundadores”, ou “co-fundadores”, os conhecidos Mark Zuckerberg da Meta, Sundar Pichai da Alphabet (Google), Satya Nadella da Microsoft, Daphne Koller da Insitro, Sam Altman da OpenAI, Chris Olah e Dario Amodei da Anthropic, Jensen Huang da Nvidia, Steve Huffman do Reddit, Aravind Srinivas da Perplexity, Victor Riparbelli da Synthesia, Masayoshi Son da Softbank e Dan Neely da Vermillio. O mais jovem da lista é Francesa Mani, de 15 anos, estudante que iniciou uma campanha contra deepfakes sexualizados, depois de ser uma de suas vítimas. O mais velho é Andrew Yao, cientista da computação em faculdades chinesas. Na lista, ainda, a atriz Scarlett Johansson e o ator Anil Kappor, por questionarem a in fluência da IA.
(Parte deste resumo foi aproveitado do site Axios. Na lista da Time 100 IA não há brasileiros).


Americana-turca morre baleada em protesto na Cisjordânia

A americana-turca Aysenur Ezgi Eygi, 26, foi morta com um tiro na cabeça, disparado, segundo três testemunhas, por soldados israelenses que reprimiam um protesto em Beita, ao sul de Nablus, contra a expansão de colônias na Cisjordânia, ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Eygi participava da campanha Faz’a, em apoio a agricultores palestinos hostilizados por colonos israelenses, e era membro do Movimento de Solidariedade Internacional, liderado por palestinos. Ela morreu no Hospital Rafisa, de Nablus.
“Tentamos uma operação de ressuscitação, mas, infelizmente, ela morreu”, disse o diretor do hospital, Fouad Naffa. Um rapaz de 18 anos ficou ferido por estilhaços de balas.
O porta-voz militar israelense informou que a morte de Eygi começou a ser investigada. Os soldados “responderam com fogo contra um principal instigador (dos protestos), que atirou pedras contra eles”. O porta-voz do Departamento de Estado, em Washington, Matthew Miller, disse que estava “reunindo urgentemente mais informações” para uma reação oficial do governo americano. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia denunciou o “assassinato por soldados da ocupação israelense na cidade de Nablus”.
A morte de Eygi ocorreu quando Israel encerrou a maior operação dos últimos 50 anos na Cisjordânia, com duração de dez dias, nos quais 36 palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina.
“A ocupação israelense matou uma ativista de solidariedade americana contra a ocupação e as colônias na Cisjordânia. As nossas mais profundas condolências à sua família e amigos. Esta é mais um crime que se soma à série de crimes cometidos diariamente pelas forças de ocupação, o que exige a responsabilização dos seus perpetradores em tribunais internacionais”, disse o secretário-geral do Comitê Executivo da OLP, Hussein al-Sheikh, ao jornal israelense Yedioth Aharonoth.
O embaixador dos EUA em Israel, Jack Lew, lamentou a morte de Eygi, e afirmou que, para os EUA “não há maior do que a segurança dos cidadãos americanos”.


Liberdade de imprensa no Brasil, segundo o editor do N.Y.Times

O editor do jornal The New York Times, AG Sulzberger, escreveu um artigo para o concorrente The Washington Post, nesta semana, em que alerta sobre o enfraquecimento da liberdade de imprensa em países democráticos como o Brasil e a Hungria.
“Para garantir que estamos preparados para o que está por vir, meus colegas e eu passamos meses estudando como a liberdade de imprensa foi atacada na Hungria – bem como em outras democracias como a Índia e o Brasil” – são algumas das primeiras 41 mil palavras de Sulzberger.
“Seu país é uma democracia, então ele não pode simplesmente fechar jornais ou prender jornalistas. Em vez disso, ele começa a minar organizações de notícias independentes de maneiras mais sutis — usando ferramentas burocráticas como lei tributária, licenciamento de transmissão e contratos governamentais. Enquanto isso, ele recompensa veículos de notícias que seguem a linha do partido — apoiando-os com receita de publicidade estatal, isenções fiscais e outros subsídios governamentais — e ajuda empresários amigos a comprar outros veículos de notícias enfraquecidos a preços reduzidos para transformá-los em porta-vozes do governo. ”
As táticas resumidas por Sulzberger incluem: usar autoridades legais e regulatórias para punir jornalistas; entrar em tribunais com processos civis para pressionar financeiramente organizações de mídia; semear a desconfiança pública no jornalismo independente; e recompensar veículos de mídia alinhados ao governo. Ele lembra as promessas do ex-presidente Donald Trump de aumentar os ataques à imprensa se reeleito.
Sobre o Brasil, escreveu Sulzberger: “No Brasil, abusos frequentes do sistema judicial pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados foram apelidados de ‘assédio judicial’. Praticantes entraram com ações judiciais perante juízes que sabiam ser céticos em relação à imprensa. Eles sobrecarregaram jornalistas com processos judiciais supérfluos para aumentar suas contas legais. Eles processaram em vários tribunais distantes ao mesmo tempo, apresentando aos jornalistas a proposta de se defenderem em várias frentes. O governador de um estado rural, um aliado de Bolsonaro, usou essas táticas para perseguir mais de uma dúzia de jornalistas locais por reportarem sobre ele, sua família e seus apoiadores políticos — muitas vezes solicitando investigações criminais sobre suas alegações também. A polícia nomeou uma recente de “Operação Fake News”.
Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, é citada no artigo:
“Bolsonaro abriu a porta para o ódio ao jornalismo, e esse caminho agora está aberto para empresários, advogados, governadores, [organizações não governamentais] e outros”. E Sulzberger conclui:
“Todos esses esforços anti-imprensa se beneficiaram das sementes de desconfiança que os líderes semearam contra o jornalismo independente (…) A combinação de desconfiança pública, instituições enfraquecidas e assédio generalizado é uma fórmula para minar a reportagem independente”.
O jornal New York Times está tomando medidas para se preparar para ataques, incluindo proteção de fontes, preparação legal e defesa da importância do jornalismo independente. Seu editor, Sulzberger, enfatiza que é a missão jornalística é a de buscar a verdade, mesmo diante de pressões e obstáculos.

 

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