Moises Rabinovici: estrondos de guerra em Beirute. Mas sem disparo de mísseis

Beirute, capital do Líbano (Repodução: Agência Brasil)

Beirute ouviu nesta terça-feira os estrondos causados pelo rompimento da barreira do som de caças israelenses sobre a cidade. As janelas tremeram. Na guerra de 1982-84, a primeira em que Israel cercou uma capital árabe, as explosões estilhaçavam vidros e causavam pânico.

O horário da quebra da barreira do som coincidiu com o início do discurso do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pela TV. Ele não aparece ao vivo há meses, temendo ser morto por Israel, como vários de seus comandados. Repetiu a promessa de uma “resposta forte” pelo assassinato do seu segundo militar mais importante, Fuad Shukr, num subúrbio de Beirute. “A nossa resposta virá, se Deus quiser, de nós e do eixo da resistência” (que inclui o Irã, milícias na Síria e no Iraque, o Hamas, em Gaza, e os Houtis, no Iêmen).

O Hezbollah está mais guerreiro que o Irã, que mudou o tom e não está mais falando em “vingança do eixo de resistência que queimará o inimigo sionista”. O Irã foi provocado pelo assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, convidado para a posse do novo presidente iraniano. Analistas em jornais israelenses justificam a prudência do Irã em face da retaliação de Israel: “um ataque direto a Israel pode ser um suicídio”, disse um deles.
O Irã muda como as informações, voláteis. A primeira versão do assassinato de Haniyeh foi a de que um drone explosivo o atingiu, lançado de dentro do território iraniano. Depois, que teria sido um míssil disparado de um país vizinho. Em seguida, uma bomba teria sido plantada no apartamento em que Haniyeh costumava ficar, guardado por Guardas Revolucionários. Hoje a versão é a de que dois agentes iranianos, recrutados pelo Mossad, o serviço secreto de Israel, deixaram uma bomba embaixo da cama de Haniyeh, e a explodiram por controle remoto. Eles foram retirados do Irã pelo Mossad, imediatamente após o atentado.

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Em Israel, nesta terça, com base no publicado em redes sociais, acredita-se mais numa retaliação do Hezbollah do que do Irã. Os Estados Unidos e vários países europeus estão, no campo diplomático, tentando impedir uma guerra regional.

O Hezbollah disparou duas levas de foguetes contra o norte israelense nesta terça-feira. E Israel mirou um arsenal de armas em Kafr Kila, no sul do Líbano, e uma base de lançamento em Ayta ash-Shab. No segundo ataque, com cerca de 20 foguetes, o Hezbollah mirou as colinas do Golã sírias, ocupadas por Israel desde 1967. Um míssil interceptador israelense, com defeito, explodiu, ferindo um motorista numa rodovia da Galileia. Um dos foguetes feriu 19 pessoas, levadas para o Centro Médico em Naharya, e depois liberadas.

O Irã convocou uma reunião de emergência da Organização de Cooperação Islâmica para amanhã, quarta-feira. Aviões de carga russos estão pousando em Teerã com sistemas de guerra eletrônica e de interferência a mísseis guiados. Israel também começou a interferir nos sistemas de GPS. Quem pede um Uber em Telavive vê na tela que ele está vindo de Beirute.

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