Moisés Rabinovici: Exército israelense admite sobre invasão do Hamas a kibutz: “FALHAMOS”

kibutz Beeri

O acerto de contas nacional entre os israelenses começou nesta quinta-feira, nove meses depois do ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, com as primeiras conclusões de uma investigação centrada no kibutz Beeri, que perdeu 101 de seus mil habitantes e teve 32 sequestrados, 11 dos quais continuam ainda cativos em Gaza.
“As FDI (Forças de Defesa de Israel) não cumpriram sua missão de defender os residentes (de Beeri), e falharam em sua missão” — conclui o relatório, apresentado aos sobreviventes do kibutz, deslocados, provisoriamente, para o Mar Morto.
A investigação usou comunicados interceptados entre os invasores e seus comandantes em Gaza; mensagens, vídeos de câmeras em uniformes, testemunhos de sobreviventes e perícia em corpos queimados e mutilados.
O kibutz Beeri foi uma das 40 localidades israelenses atacadas na fronteira de Gaza por 3 mil terroristas, a partir de 6h29 do dia 7/10, uma hora depois da troca de guarda entre soldados. Começou com uma chuva de mísseis disparados contra Israel. E pegou o exército israelense de surpresa, despreparado e atordoado. Os soldados não tinham ideia clara do que estava acontecendo. Foram treinados para combater invasões limitadas, e não em larga escala.
Em Beeri, os soldados permaneceram do lado de fora, à espera de ordens, enquanto dentro13 homens armados enfrentavam 340 invasores bem armados, cem dos quais de tropas de elite do Hamas. Sustentaram o fogo por sete horas. As armas do kibutz estavam trancadas, e os dois que tinham chaves para pegá-las foram mortos, um de cada vez.
Depois da primeira leva de atacantes, surgiram os civis palestinos que saqueavam casa por casa. Um grupo do Hamas reuniu 14 reféns dentro de uma casa, e um deles se entregou quando Israel a cercou, saindo com um refém como escudo. O general Barak Hiran, depois de vários disparos de tanque por perto, como pressão aos terroristas, mandou acertar a casa, seguindo “a diretiva Hannibal”, segundo a qual é preciso fazer todo o possível para impedir que israelenses sejam raptados, mesmo que coloque as suas vidas em risco.
A diretiva Hannibal foi promulgada às 11h22 do 7 de outubro: “nem um único veículo pode retornar à Gaza”. Essa ordem fará parte de outra investigação militar. Aos poucos, durante o dia, soldados aerotransportados chegaram a Beeri. Um grupo de oito policiais que planejou emboscar o Hamas, dentro do kibutz, foi eliminado numa emboscada. Os combates prosseguiram até o dia seguinte, 8/10, mas no dia 9 ainda foram encontrados terroristas escondidos. Ao todo, mais de 100 dos invasores morreram.
“O fracasso do exército está gravado em nossos corpos e corações”, declarou um dos membros do kibutz Beeri. Vários dos sobreviventes israelenses morreram durante a guerra em Gaza, que continuou na sequência da invasão até agora, o 279º dia, com os mortos palestinos já perto de 40 mil. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está contra as investigações sobre os erros militares que, para ele, deveriam ser feitas no fim da guerra. O comando das FDI, porém, quer resgatar a confiança dos israelenses em seu exército, e daí decidiu que cada relatório com conclusões seja compartilhado com total transparência.

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